Cinco membros do gabinete do ministro das Infraestruturas enviaram declaração à comunicação social ainda durante a audição de Frederico Pinheiro na comissão de inquérito à TAP. Garantem que, ao contrário do que diz o ex-adjunto de Galamba, ele tentou efetivamente roubar um computador e presumem que as imagens de videovigilância revelarão o "estado de cólera" em que se encontrava
Quatro membros do gabinete do ministro das Infraestruturas, João Galamba, enviaram à comunicação social um comunicado em que acusam Frederico Pinheiro de mentir na comissão de inquérito à TAP.
Lídia Henriques, Cátia Rosas, Rita Penela, Eugénia Cabaço e Paula Lagarto assinam a nota: garantem que foram agredidas e que o ex-adjunto de Galamba tentou efetivamente roubar um computador e atirou uma bicicleta contra a fachada do edifício onde funciona o Ministério das Infraestruturas. Presumem ainda que as imagens de videovigilância "mostrarão" o "estado de cólera" em que se encontrava o ex-adjunto do ministro, e que foi necessário "chamar a PSP por causa das agressões de que o Dr. Frederico Pinheiro foi autor naquela noite”.
“Na sequência das informações prestadas na comissão parlamentar de inquérito à TAP pelo Dr. Frederico Pinheiro, vêm as pessoas por ele citadas nesse âmbito frisar que o Dr. Frederico Pinheiro mentiu na CPI-TAP sobre os incidentes de dia 26 de abril”, lê-se no comunicado, que se compõe de cinco pontos. Entretanto, e após várias horas a prestar declarações no Parlamento, Eugénia Correia (que no comunicado aparece como Eugénia Cabaço) garantiu não ter conhecimento de qualquer comunicado.
Segundo a mesma nota, perante a intenção de Frederico Pinheiro de levar o computador de serviço do Ministério, “onde estava proibido de entrar”, foi-lhe “solicitado que não o fizesse, tendo o mesmo, na sequência, procedido à agressão de duas pessoas que o tentavam impedir”.
“As imagens de videovigilância do edifício mostrarão, com toda a certeza, o estado de cólera em que Frederico Pinheiro se encontrava nesses momentos, arremessando inclusivamente a bicicleta contra a fachada do edifício”, acrescenta a declaração.
As visadas destacam ainda, num dos pontos, que as fotografias de uma das “assessoras agredidas mostram a violência dessas agressões” e que “o relatório médico da ida às urgências nessa madrugada comprova a existência de agressões”. No comunicado, refere-se que a PSP foi chamada ao local pelo segurança do edifício e pelas mulheres que assistiram às agressões, que reportaram as agressões e o roubo, encontrando-se as autoridades competentes a investigar os factos ocorridos, garantindo que a PSP foi chamada ao local naquela noite “por causa das agressões de que o Dr. Frederico Pinheiro foi autor naquela noite”.
“Reitera-se, desta forma, que o Dr. Frederico Pinheiro agrediu quem o tentou impedir de retirar o computador do Ministério das Infraestruturas, sendo falso que tenha sido agredido e não que seja o agressor”, conclui a mesma nota.
Frederico Pinheiro responde com pressão para mostrar imagens de videovigilância
Confrontado com este comunicado ainda durante a audição no parlamento, esta quarta-feira, Frederico Pinheiro respondeu que sabe "há vários dias que existe uma pressão do Ministério das Infraestruturas para arranjar as imagens [de videovigilância]. Este comunicado só o vem demonstrar", defendeu. O ex-adjunto de Galamba voltou a dizer que foi "sequestrado no Ministério", e que, por isso mesmo, chamou a polícia, para que o deixassem sair. “Não há fuga nenhuma”, garantiu, admitindo que estava “ansioso” com o que se estava a passar.
Frederico Pinheiro disse ainda, sobre ter tentado entrar no edifício do Ministério, onde estava alegadamente proibido de circular, que "tinha o direito a entrar" no edifício. "Eu não sou jurista, mas acho que é claro que eu tinha direito a entrar no Ministério. Mas, se não o tinha, ninguém me impediu de o fazer. Entrei no Ministério normalmente e tinha o direito de sair. Eu fui sequestrado dentro do Ministério", recordou o antigo assessor.
O ex-adjunto de João Galamba, ouvido na comissão parlamentar de inquérito à TAP, negou ainda ter roubado, furtado ou fugido com o computador que lhe foi entregue pelo Ministério das Infraestruturas, rejeitando também as acusações de agressão, alegando que apenas se libertou em legítima defesa.
Durante a audição, Frederico Pinheiro disse ser "o agredido e não o agressor", revelando ter em sua posse um relatório médico que comprova os ferimentos provocados. O ex-adjunto do ministro das Infraestruturas afirmou mesmo que foi ameaçado fisicamente por João Galamba: em resposta ao deputado do Chega, André Ventura, Frederico Pinheiro disse que o governante o ameaçou com "dois socos".