Ir às compras pode ser uma armadilha: reduflação e outros 12 esclarecimentos para não sermos enganados no supermercado

19 mar 2023, 18:00
Supermercado (Pexels)

Além lá dos preços altos, são várias as práticas pouco transparentes com que os portugueses se têm confrontado quando vão às compras - a ASAE tornou público que há vários supermercados a cobrarem na caixa preços superiores aos que estão assinalados nas prateleiras. Para evitar pagar (ainda) mais, é preciso estudar e prestar atenção ao pormenor

1. Chego à caixa e percebo que o preço é maior do que anunciado. O que faço?

Não fique calado e denuncie a situação. Não basta chamar a atenção do operador de caixa porque essa pessoa tem um poder limitado para mudar a situação. Deve apresentar queixa no livro de reclamações porque só isso permite que os responsáveis da empresa e da ASAE tomem conhecimento da situação e possam atuar.

 

2. Então e que preço pago? O da prateleira ou o da caixa?

“Estando perante uma situação em que vê o preço publicitado no artigo ou etiqueta, esse é sempre o preço a pagar”, explica Margarida Pinto, jurista da DECO. Ou seja, o supermercado é obrigado a aplicar-lhe o valor mais baixo.

 

3. Mas chamo a polícia quando identificar esta diferença entre preços?

A associação de defesa do consumidor DECO diz que não é necessário chamar a polícia. Concentre antes as suas energias na reclamação escrita.

 

4. Faço compras grandes. E, com tanta coisa, não dá para andar a confirmar todos os preços na caixa. O que faço?

“Quando vai fazer compras para a semana ou mês, é mais difícil controlar os preços”, reconhece a jurista Margarida Pinto. Mas há estratégias que pode adotar: uma delas é ir anotando na lista de compras que levou o preço à frente de cada produto. Assim pode somar tudo e perceber se o valor difere ou não do que estava à espera. Pode também ir registando os preços dos produtos que comprou com o telemóvel, tirando fotografias às etiquetas dos preços: vai ter é trabalho depois a apagar tudo.

 

5. Mas não consigo controlar os preços todos. As frutas e legumes são pesados na caixa e só aí é que sei o preço. O que faço?

Também há uma dica para estes casos de compra a granel. Aponte o preço por quilo e confirme que ele se mantém na caixa. Porque, mesmo que não saiba a quantidade exata que comprou - se é um quilo, 1,25 quilos ou outra -, tem a certeza de que o valor de referência não se alterou.

 

6. Só reparei que houve preços diferentes quando cheguei a casa e verifiquei a fatura. O que faço?

Nestes casos, admite a jurista da DECO, é “mais difícil” comprovar que existiu uma diferença de preços entre a prateleira e a caixa. Mas o tempo pode ser seu amigo: se ao chegar a casa e verificar logo a fatura, pode regressar de imediato ao supermercado e comprovar a diferença porque (em princípio) se manterá a mesma informação na prateleira. Mas, se o fizer noutro dia, já não tem a garantia de que o preço publicitado não mudou. “O ideal é que o consumidor esteja atento na altura da compra”, insiste a jurista.

 

7. Mas posso reclamar em casa?

Sim, é sempre possível com recurso ao livro de reclamações eletrónico. Se não se sentir confortável a exercer este direito na loja, pode sempre fazê-lo no conforto do seu lar.

 

8. E tenho de avisar a ASAE ou a DECO?

Se fizer a reclamação no livro de reclamações, a ASAE será automaticamente informada da prática irregular do supermercado. Já no que respeita à DECO, pode fazer chegar a sua situação à associação de defesa do consumidor, que a reencaminha também para a ASAE.

 

9. Quero muito poupar. Como sei que há promoções e que supermercados estão a aplicá-las?

Enquanto consumidor, também tem de fazer o seu trabalho de casa. E isso implica estudar preços, seja nos folhetos em papel que lhe chegam a casa no correio ou nas plataformas digitais dos retalhistas. Desta forma pode saber que promoções existem e que preços estão a ser aplicados. Já vai com o ‘olho aberto’ para as compras e não se deixa influenciar tanto pelo impulso.

“Com esta comparação, o consumidor começa a considerar outro tipo de lojas, que muitas vezes não consideravam por uma questão de conveniência. Assim, abre o leque de escolha”, diz a jurista. E começa a perceber que consegue poupar indo a outros locais, como mercearias ou feiras.

 

10. Vi a promoção no folheto mas cheguei à loja e o preço não estava mais baixo. O que faço?

Reclama. “O supermercado tem de aplicar o valor que publicitou. Se tudo estiver correto, se a promoção estiver em vigor e houver ‘stock’, deve solicitar que lhe seja aplicada a promoção”, diz Margarida Pinto. Assim, se o preço da caixa de café estiver o de sempre ao contrário da promoção prometida no folheto, tem de ser aplicado o valor mais barato. Mas atenção: deve confirmar no folheto as condições da promoção - por exemplo, se está sujeita a uma rutura de ‘stock’. Se o produto está na prateleira é porque essa rutura não aconteceu.

 

11. Quanto tempo devo guardar as faturas?

Se pagou um iogurte e um micro-ondas na mesma compra, é recomendado que a guarde por dois anos, por causa da garantia do aparelho eletrónico. Mas, na generalidade das compras que faz no supermercado, esta questão da garantia não se coloca. Por isso, diz Margarida Pinto, não há um prazo indicativo.

 

12. Comprei um produto que ainda está dentro da data de validade mas está estragado. O que faço?

Com a subida dos preços, comprar alimentos e não poder consumi-los torna-se ainda mais frustrante para as famílias. É dinheiro deitado à rua - e já aconteceu a todos: comprou iogurtes dentro do prazo de validade, ia comê-los mas reparou que estavam estragados. Nestas situações, guardar as faturas pode fazer a diferença. A jurista Margarida Pinto explica que pode ir ao supermercado e apresentar reclamação. Não é certo que lhe substituam o produto mas fica o registo, que permite alertar a cadeia de produção.

 

13. Compro o mesmo produto há vários anos mas parece-me que agora traz menos quantidade. É impressão minha?

Pode não ser. Há outro fenómeno a que precisa de estar atento: a reduflação. Ou seja, o preço mantém-se o mesmo mas a quantidade é menor. Isto acontece muitas vezes porque as embalagens não se alteraram, fazendo o cliente comprar por acreditar que está a levar aquilo que levava no passado. O conselho da DECO é que esteja também atento ao preço por quilo ou litro, para perceber se está a pagar o mesmo por menos.

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