A solidão dos mais velhos. Polícia italiana encontra idosa mumificada em casa mais de dois anos após a sua morte

9 fev 2022, 09:00
Polícia italiana (Getty Images)

Marinella Beretta, de 70 anos, não tinha outros familiares vivos. Vizinhos pensavam que a idosa tinha saído da localidade no início da pandemia

A polícia italiana descobriu, na passada sexta-feira, o corpo mumificado de uma idosa de 70 anos, mais de dois anos após a sua morte, na localidade de Prestino, perto do Lago Como, e o caso está a levantar o debate no país sobre a solidão dos mais velhos.

De acordo com as informações oficiais, Marinella Beretta foi encontrada sentada à mesa, após as autoridades terem entrado em sua casa na sequência de uma denúncia relacionada com as árvores mal-cuidadas no seu jardim.

Segundo os média italianos, os vizinhos não a viam há cerca de dois anos e meio, tendo a maioria assumido que a idosa saiu da localidade aquando do início da pandemia, que atingiu fortemente o norte de Itália a partir de fevereiro de 2020.

“O que aconteceu a Marinella Beretta em Como, a solidão, magoa a nossa consciência. Temos o dever, enquanto comunidade que quer permanecer unida, de lembrar a sua vida. Ninguém pode ser deixado sozinho”, escreveu Elena Bonetti, ministra da família do país, na sua página do Facebook.

De acordo com um relatório de 2018 do instituto nacional de estatísticas italiano, cerca de 40% dos idosos com idade superior a 75 anos vivem sozinhos e afirmam que não têm nem familiares nem amigos a quem recorrer em caso de necessidade.

Massimo Gramellini, jornalista do Corriere della Sera, afirmou que Beretta era a “personificação da solidão”.

“Muitos de nós ainda temos memórias das grandes e caóticas famílias da Itália humilde. Agora, a família moderna é reduzida. As pessoas morrem sozinhas. E nós vivemos sozinhos, o que é ainda pior”, escreveu nas páginas do jornal.

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