"Não importa de onde vimos, mas para onde vamos": Gondomar foi demasiado pequeno, Diogo Jota e André Silva são demasiado grandes

4 jul, 21:16
Homenagem a Diogo Jota e André Silva em Gondomar (Estela Silva/Lusa)

Em Anfield, em Orlando e até em Wimbledon, todo o mundo parou para chorar a tragédia dos dois irmãos

Quantas pessoas cabem em Gondomar? A resposta foi dada esta sexta-feira: cabem todas aquelas a que Diogo Jota e André Silva encheram o coração. E isso representa, de certa forma, um pouco de cada um de nós.

A cidade do distrito do Porto virou centro do mundo pelas piores razões. Para que se homenageasse a perda de dois jovens. Mesmo não estando lá, não houve quem lá não estivesse.

Rúben Neves e João Cancelo estavam lá, mesmo que fisicamente estivessem em Orlando, nos Estados Unidos, a fazer o que Diogo Jota e André Silva tanto gostavam. Conseguiram os dois ir a jogo, apesar do evidente transtorno que ambos estão a sentir, e que foi visível no minuto de silêncio. A mensagem partilhada por Rúben Neves minutos antes do jogo explica tudo.

Mas em Gondomar também estava Jordan Henderson, jogador que capitaneou Diogo Jota em muitos dos jogos num clube especial. Sim, o Liverpool é especial e isso já se nota, mas vai-se notar ainda mais, quando formos vendo como não haverá esquecimento do rapaz que até marcou o primeiro golo da campanha da última Premier League.

E Diogo Jota cabia no Liverpool que nem uma luva. São os dois especiais. Não o fossem e o Everton, rival de sempre, não teria mandado dois jogadores - os portugueses Beto e Youssef Chermiti - depositar uma coroa de flores em Anfield.

Não o fossem e nenhuma capa de jornal faria história com isto. Mas fizeram todas. Todas, todas, todas. Porque Diogo Jota é especial, porque o Liverpool é especial. Porque, mesmo que não conheçamos tanto em dimensão, percebemos que André Silva também era especial - o gesto do Penafiel confirma-o.

Não o fossem e Wimbledon não tinha permitido o que nunca permitiu em quase 150 anos de história: que um jogador não equipe totalmente de branco.

Em Liverpool há até quem já peça a retirada da camisola número 20. Ainda não se sabe o que irá fazer o clube, mas certamente que, mesmo que não tenha esse gesto, fará algo de mágico. É fácil imaginar a bancada The Kop a preparar já algo de muito especial para o primeiro jogo em Anfield.

É um clube grande, gigante, mas tão especial. Infelizmente, muitos adeptos do Liverpool ainda se lembrarão da tragédia de Heysel, onde morreram 39 pessoas numa final da ainda Taça dos Campeões Europeus. Eram adeptos, não eram jogadores. Eram pessoas normais, dir-se-à.

Mas Diogo Jota e André Silva eram isso mesmo. Duas pessoas normais. É que “não importa de onde vimos, mas para onde vamos”.

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