Montenegro tem cinco dias para escolher um nome e há dois ministros de Passos "credíveis" para o cargo

27 ago, 18:00
Luís Montenegro na Festa do Pontal (Luís Forra/Lusa)

Valorização de uma mulher pode ser tida em conta, até pela questão da paridade. Há nomes mais óbvios, mas pode aparecer um "nome importante que ainda não se falou". Uma coisa é certa: António Costa é importante nesta equação

Luís Montenegro tem até dia 31 de Agosto para enviar para Bruxelas o nome do novo comissário português. Em cima da mesa poderão estar nomes como o de Maria Luís Albuquerque, ex-ministra das Finanças de Passos Coelho entre 2013 e 2015, e Miguel Poiares Maduro, ex-ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, no mesmo período.

Para o comentador da CNN Portugal Rui Calafate, ambos os antigos ministros são "credíveis pois conhecem bem o projeto europeu", ainda que, "tendo em conta que Ursula von der Leyen defende a paridade de género e que maior parte das escolhas dos Estados-membros até agora foram homens, Luís Montenegro pode optar por escolher uma mulher, até pela boa relação que tem estabelecido com a presidente da Comissão Europeia.".

Rui Calafate não afasta a possibilidade de aparecer um nome surpresa como aconteceu com Sebastião Bugalho nas Europeias. O comentador da CNN defende que "Luís Montenegro é um político imprevisível, como já disse anteriormente o Presidente da República."

"Por isso, acredito que possa aparecer um nome importante que ainda não se falou, o de Lídia Pereira pela experiência que tem enquanto eurodeputada", acrescenta.

Licenciada em economia pela Universidade de Coimbra, Lídia Pereira é dos três nomes aqui avançados o menos conhecido a nível nacional, embora desempenhe desde 2019 a função de deputada no Parlamento Europeu, enquanto exerce o cargo de presidente da Juventude do Partido Popular Europeu (EPP).

Para Pedro Tadeu, a escolha do PSD estará "dependente do pelouro entregue a Portugal". O comentador da CNN Portugal acredita que a ex-ministra Maria Luís Albuquerque transmite "modernidade e a vantagem de ter uma componente técnica ligada às Finanças, ainda que esse tipo de pelouro dificilmente seja entregue a Portugal, tal como a pasta das relações exteriores. Sendo Portugal um país considerado pequeno, é previsível que receba uma pasta de menor importância." Caso o pelouro atribuído seja mais científico, o comentador acredita que "Miguel Poiares Maduro tem mais chances de ser o escolhido, por ser um universitário que se caracteriza por ter um discurso mais solto".

Com o importante cargo de presidente do Conselho Europeu a partir de 1 de dezembro, António Costa é importante nesta equação, já que é "fundamental a existência de uma boa relação entre a figura escolhida para comissário e o ex-primeiro-ministro socialista", considera Pedro Tadeu.  

Durão Barroso não é um bom exemplo

Se por um lado estas três figuras políticas podem agradar o eleitorado pela sua experiência, Montenegro terá que ter em conta alguns fatores cruciais, caso opte por um nome alternativo. Pedro Tadeu acredita "é fundamental o Primeiro-ministro escolher alguém que defenda os interesses de Portugal, embora esteja ao serviço europeu e tenha que defender a diversidade europeia.".

Sem avançar o nome de um mau candidato para o cargo, o comentador acrescenta que "Durão Barroso, numa época delicada em que a Troika estava em Portugal, não mostrou ser um bom exemplo na defesa dos interesses portugueses. Parecia que tinha havido um "divórcio" entre o presidente da Comissão Europeia e Portugal.".

Ursula Von Der Leyen pediu a entrega dos nomes propostos pelos Estados-membros até ao final do mês, para iniciar as entrevistas e escrutínio aos candidatos. Espera-se que apenas três dos atuais 27 comissários em funções sejam reconduzidos no cargo.

Tendo em conta a crise presente em vários países europeus como Portugal, poderá surgir também uma pasta da habitação capaz de "ajudar a desbloquear o investimento público e privado necessário”, como avançou von der Leyen no discurso de reeleição perante os eurodeputados, sem avançar nenhum nome para a dirigir.

Portugal teve até agora seis comissários europeus, dos quais quatro do PSD. Elisa Ferreira - desde 2019 comissária com a pasta da Coesão e Reformas -, foi a única mulher portuguesa a exercer as funções. 

A escolha do primeiro-ministro deverá ser revelada nos próximos dias, na Universidade de Verão do PSD, que decorre do dia 26 de agosto até 1 de setembro, em Castelo de Vide.

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