Comboio da CP parte-se e deixa seis carruagens com passageiros para trás no Intercidades Lisboa-Faro

Amílcar Matos , com Lusa
14 out, 19:27

Caso insólito levou a um atraso de duas horas na viagem. Comboio de mercadorias teve de ajudar a rebocar as carruagens "perdidas"

A CP abriu um inquérito para apurar as “possíveis causas” de um caso no mínimo estranho que deixou vários passageiros no meio de uma linha de comboio, depois de uma carruagem do Intercidades em que seguiam se ter partido.

O caso ocorreu esta segunda-feira pelas 16:00, num comboio que fazia a ligação entre Lisboa e Faro.

A empresa que gere os comboios portugueses confirmou a existência de uma “anomalia à saída da estação de Grândola”, quando a viagem ia sensivelmente a meio.

O problema aconteceu entre a primeira e a segunda carruagens, o que fez com que a locomotiva, com apenas uma carruagem, seguisse viagem, deixando para trás outras seis.

Só mais tarde é que o maquinista se apercebeu que tinha deixado parte do comboio para trás, o que provocou um atraso de duas horas que foi resolvido por um comboio de mercadorias, que ajudou a rebocar as carruagens “perdidas”.

Uma anomalia causada pela “rutura do engate entre duas composições, o que resultou na separação de carruagens do comboio”. O tal engate é uma peça que pode ver no vídeo associado a este artigo.

"Não existem registos anteriores da ocorrência desta falha no elemento mecânico que entrou em rutura. No entanto, a segurança dos passageiros não foi afetada, uma vez que as composições ferroviárias estão projetadas para frenarem e imobilizarem os veículos nestas situações", adianta a nota da CP.

O Intercidades tinha partido de Lisboa-Oriente às 14:02, e a chegada estava prevista para Faro às 17:35.

De acordo com a CP, os passageiros da composição que ficou para trás "foram conduzidos, de forma segura, para as restantes carruagens".

Depois de verificadas "todas as carruagens e as respetivas condições de segurança", o comboio seguiu para Faro.

Apesar de insólita, esta não é uma situação de potencial perigo, já que a quebra do engate provoca uma rotura na conduta geral de freio e obriga as duas partes da composição a pararem imediatamente, independentemente do declive da linha.

A carruagem afetada foi rebocada para Grândola, com a ajuda de uma locomotiva de mercadorias da Medway.

A CP garante que "as manutenções periódicas de todo o material circulante são escrupulosamente executadas pela empresa", e que o plano de inspeções do comboio afetado "está a ser cumprido como previsto".

A empresa destaca ainda "o esforço e a dedicação das equipas de manutenção", que garantem diariamente a circulação de cerca de 1.350 comboios, oferecendo "um serviço seguro aos nossos clientes".

A Secretaria de Estado da Mobilidade informou, entretanto, que "acompanha, desde a primeira hora, o incidente ocorrido na passada segunda-feira com o comboio Intercidades que fazia a ligação Lisboa-Faro e do qual não resultaram feridos ou danos materiais".

Mas o jornal Público aponta para uma possível "falha na manutenção" como estando na origem da quebra do engate, acrescentando que a CP tem tido dificuldades em fazer revisões e reparar avarias do material circulante, devido à falta de trabalhadores especializados e à escassez de verbas.

Acrescenta ainda que "uma em cada cinco carruagens dos Intercidades está encostada nas oficinas", aguardando manutenção.

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