Morreu Flavio Carboni: protagonista de misteriosos crimes italianos

26 jan 2022, 12:22
Flavio Carboni (Getty Images)

Morreu esta segunda-feira, aos 90 anos. Desde que ingressou no mundo financeiro, percurso de Carboni ficou marcado por acusações, investigações, julgamentos e absolvições

Flavio Carboni, nome que esteve no centro de vários julgamentos, investigações e mistérios italianos desde a década de 70, morreu com uma paragem cardiorrespiratória esta segunda-feira em Roma, Itália. Tinha 90 anos.

Foi na década de 1970 que Carboni ingressou no mundo financeiro. Desde aí que o seu percurso ficou marcado por acusações, investigações, julgamentos e absolvições. Passou várias vezes pela prisão, a primeira das quais em 1982, quando estava na Suíça, mas foi sempre por curtos períodos de tempo e em causa estiveram sempre crimes de fraude, lavagem de dinheiro ou falsificação de documentos.

O súbito sucesso e enriquecimento levantaram sempre suspeitas junto das autoridades. Várias investigações conduziram à revelação da estreita relação que Carboni mantinha com os membros do gangue de Magliana e da máfia, apesar de sempre o ter negado. 

Foi condenado a oito anos e seis meses pelo colapso do Banco Ambrosiano, mas este foi só um dos muitos casos mediáticos em que esteve envolvido. Suspeito do homicídio do banqueiro e presidente do Banco Ambrosiano Roberto Calvi, Flavio Carboni foi absolvido por falta de provas.

Imediatamente após esta absolvição, em 2010, Carboni foi investigado por corrupção, processo em que também foram investigados o ex-senador do Forza Italia, Denis Verdini, à época sub-secretário para a Economia, Nicola Consentino e o ex-deputado Marcello Dell'Utri.

Misterioso, Carboni foi um verdadeiro ilusionista da justiça. Já o advogado de Carboni, Renato Borzone, adiantou que o financeiro foi "perseguido por conspirações acusações surreais durante 50 anos" em entrevista à Agi, dando como exemplo o caso do julgamento pela morte de Roberto Calvi, do qual acabou por ser ilibado. "Sempre foi considerada uma personalidade misteriosa, mas não era de facto", adiantou.

Segundo a imprensa italiana, com a morte de Carbori deixa de ser possível desvendarem-se vários mistérios que as várias investigações de que foi alvo deixaram sem resposta. 

A sociedade secreta P3 foi uma delas. A organização destinava-se a "condicionar o funcionamento dos órgãos constitucionais", intervindo também junto de juízes do Tribunal Constitucional. Além da violação da lei Anselmi, a associação P3 visava condicionar o funcionamento dos órgãos constitucionais do Estado e dos aparelhos da administração pública.

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