Já arrancaram as obras na Avenida Almirante Reis. Parte da ciclovia já desapareceu

Cláudia Évora , com Lusa
26 mai 2022, 10:49
Avenida Almirante Reis (Lusa/José Sena Goulão)

A polémica entre quem é contra e a favor mantém-se dentro e fora das quatro paredes da Câmara de Lisboa. Nas redes sociais as críticas são muitas

Já começaram oficialmente as obras na Avenida Almirante Reis para terminar com uma parte da ciclovia construída quando Fernando Medina era o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML). O objetivo, entende a autarquia, é repor duas filas de trânsito para aumentar o fluxo automóvel. No Twitter, o chefe de gabinete de Carlos Moedas disse que o atual autarca "está a cumprir o que há muito anunciou".

António Valle fez ainda questão de recordar que Carlos Moedas ouviu vários moradores, especialistas e organizações. Mas a polémica entre quem é contra e a favor mantém-se. Ricardo Moreira, deputado municipal do Bloco de Esquerda (BE) na CML, acusou o atual presidente da câmara de avançar com as obras no mesmo dia em que se comprometeu com o Bloco de que haveria uma consulta pública para a ciclovia nesta avenida.

Muitos utilizadores do Twitter publicaram vídeos e fotografias onde se vê a colocação de alcatrão por cima da faixa verde da ciclovia. 

Bloco pediu que obras não avançassem, Livre fala em "falta de respeito"

Contactada pela CNN Portugal, a CML garante que uma consulta pública não impede o começo das obras na avenida. No entanto, o BE pediu ao presidente do executivo que as obras não avançassem até ser discutida a proposta de apresentação de um projeto de alteração fundamentado.

"A ciclovia da Almirante Reis foi retirada hoje, agora, esta noite, há um troço que foi retirado, a sinalética foi retirada, foi arrancada do chão, uma zona grande na Alameda esta noite mesmo", afirmou o vereador único do BE, Ricardo Moreira, em substituição de Beatriz Gomes Dias, na reunião pública do executivo camarário, realizada quarta-feira.

Ricardo Moreira manifestou-se "bastante desiludido" com Carlos Moedas, porque houve o compromisso de agendar, para a próxima reunião do executivo, na segunda-feira, a proposta do BE, do Livre e da vereadora independente do Cidadãos por Lisboa (eleita pela coligação PS/Livre), que sugere que "antes de qualquer alteração na configuração do perfil da avenida" seja apresentado o projeto de alteração fundamentado para a ciclovia da Almirante Reis, abrindo "um período de recolha de contributos de não menos 30 dias".

"Não há nenhuma consulta pública sobre um facto consumado. Se as obras já avançaram, se há uma parte da ciclovia que já foi arrancada", avisou o vereador do BE, considerando que "não é assim que se fazem consensos", pedindo que "as obras não avancem até ter essa discussão feita".

Em resposta, Carlos Moedas disse desconhecer o avanço das obras, mas afirmou que "houve todo um trabalho feito em relação à Almirante Reis", em que foi decidido retirar metade da ciclovia após ouvir as pessoas, ressalvando que tal "não impede" a discussão da proposta para consulta pública.

O vereador do Livre, Rui Tavares, considerou que o avançar das obras antes da votação da proposta para consulta pública do projeto para Almirante Reis pode estar dentro da legalidade, mas demonstra "falta de respeito". 

Recorde-se que, a 26 de janeiro, Carlos Moedas assegurou que iria continuar a investir na rede ciclável, ressalvando que tal implicaria avaliar a segurança, inclusive para encontrar "muito brevemente" uma alternativa para a ciclovia da Almirante Reis.

No final de março, disse que a solução imediata passava por "acabar com metade da ciclovia", ressalvando que a longo prazo deve existir um projeto de reperfilamento da artéria.

"O que vamos fazer no imediato? Retirar a ciclovia do sentido ascendente e colocar duas faixas para automóveis. Colocar toda a ciclovia no sentido descendente. O que é que isto vai permitir? Que o trânsito escoe da cidade com maior fluxo e permite também que todos os utilizadores da ciclovia continuem a percorrer a avenida", anunciou Carlos Moedas, numa publicação no Twitter.

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