O cibercrime está a crescer. Queixas aumentaram 143% no primeiro semestre do ano

Agência Lusa , CV
14 jul 2022, 00:36
Ataque informático (Getty Image)

Desde 2020 que este tipo de crime tem vindo a aumentar

O Gabinete Cibercrime do Ministério Público recebeu no primeiro semestre deste ano 852 queixas, um aumento de 143% face a igual período de 2021, em que entraram 594, segundo dados da Procuradoria-Geral da República (PGR) publicados esta quarta-feira.

De acordo com uma nota informativa publicada esta quarta-feira no ‘site’ da PGR, as denúncias recebidas por correio eletrónico pelo Gabinete Cibercrime aumentam consistentemente, de ano para ano, desde 2016, sendo que em 2020 “aumentaram de forma excecional” após a eclosão da pandemia da covid-19.

Em 2021, o aumento foi ainda mais expressivo do que em 2020, uma vez que na totalidade do ano foram recebidas 1.160 denúncias, enquanto em 2020 tinham sido recebidas 544.

Das 852 denúncias que entraram entre janeiro e junho deste ano, 102 foram encaminhadas para inquérito e do conjunto de todas as denúncias, 12 delas foram remetidas para a Polícia Judiciária.

“Tendo como referência o número de denúncias que deram entrada na totalidade do ano de 2021 (1.160), neste primeiro semestre de 2022 já deram entrada participações correspondentes a 73,45 % das mesmas. Portanto, é de crer que, uma vez mais, no final do ano de 2022 os números das participações entradas superem em muitíssimo as do ano anterior”, sublinha o documento, acrescentando que “o incremento extraordinário do cibercrime provocado pela pandemia foi já ultrapassado pelo aumento corrente, regular e permanente destes fenómenos”.

O documento realça que as denúncias recebidas por via do endereço cibercrime@pgr.pt fornecem indicadores reais quanto ao conjunto total das denúncias de cibercriminalidade apresentadas pelos cidadãos ao MP, mas que “a informação recolhida das muitas centenas de denúncias não pode dar origem a dados estatísticos rigorosos, mas certamente permite que delas se infiram as grandes linhas do cibercrime que vitimiza os portugueses”.

Os crimes mais comuns

Segundo os dados, o “phishing” foi o mais comunicado no primeiro semestre deste ano, sucedendo-se “inúmeras e diversas” campanhas deste crime, com o propósito de facilitarem aos seus autores os dados de acesso a contas bancárias e a outro tipo de contas ‘online’.

Ao longo do semestre, as denúncias de ‘phishing’ (255 casos) constituíram o conjunto mais numeroso do total das queixas recebidas, correspondendo a 29,9% de todas as denúncias.

As burlas com criptomoedas e outros produtos financeiros também foram expressivas, tendo vindo a existir a uma grande expansão da oferta de investimentos em investimentos em criptomoedas e no chamado mercado “forex”.

Entre janeiro e junho de 2022 foram recebidas pelo Gabinete Cibercrime 63 denúncias de pessoas que se queixaram de terem perdido, em plataformas, avultadas quantias, que nalguns casos chegaram às dezenas de milhares de euros, representando 12,75% dos inquéritos aberto este ano.

As burlas ‘online’, com o aumento do comércio eletrónico, as burlas no mercado imobiliário, as defraudações na utilização de plataformas de vendas ‘online’ e em aplicações de pagamentos, burlas com páginas falsas e burlas em relações pessoais são outras das denúncias.

Deram igualmente entrada na PGR queixas relacionadas com falsas convocatórias policiais, ataques informáticos-ransomware e acesso ilegítimo, falsos telefonemas da Microsoft (a convencer as vítimas de que os respetivos equipamentos informáticos estão infetados com vírus, persuadindo-os assim a facultar-lhes acesso remoto aos mesmos, ou a instalar neles ‘malware’, ou ainda a fazer-lhes pagamentos), são outras das denúncias, sendo que algumas das chamadas são provenientes de países distantes, como a Índia ou a Nigéria, entre outros.

No semestre passado foram recebidas 47 denúncias destes crimes, correspondendo a 5,52% do total.

Foram também relatadas situações da chamada “CEO fraud” ou “business email compromise”, técnica de engenharia social pela qual se pretende induzir em erro uma determinada estrutura empresarial, levando-a a efetuar pagamentos a terceiros (os criminosos), que se fazem passar por autênticos fornecedores ou parceiros de negócio da empresa, atuação que é desencadeada por grupos internacionais de crime organizado e cujos prejuízos atingem enormes montantes.

Chantagem com a divulgação de dados privados e fotografias íntimas, discursos de ódio ‘online’, crimes contra a honra e contra a propriedade intelectual, foram outras das queixas, não tendo tido a última “grande expressão em 2022

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