O primeiro-ministro russo encontrou-se com o seu homólogo chinês e com o presidente Xi Jinping para debater novas formas de cooperação entre os dois países, que estão de 'costas voltadas' para o Ocidente após a cimeira do G7
O primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, termina esta quarta-feira uma visita oficial à China com a garantia de que os dois países estão prontos para alcançar "um novo nível" nas suas relações bilaterais, motivado pelas sanções do Ocidente.
Isso mesmo ficou claro no encontro entre o primeiro-ministro russo e o homólogo chinês, Li Qiang, no qual Mishustin salientou a forma como a crescente pressão do Ocidente sobre os dois países - sobretudo desde a invasão da Ucrânia - acabou por reforçar os laços entre Moscovo e Pequim a vários níveis.
Nas palavras de Mishustin, as relações entre a Rússia e a China estão "num nível sem precedentes", muito por força do "respeito mútuo pelos interesses de cada um" e pelo "desejo de responder de forma conjunta aos desafios" que ambos enfrentam e que "estão associados à turbulência acrescida na arena internacional e à pressão das sanções ilegítimas do Ocidente alargado".
"Tal como os nossos amigos chineses dizem, a união faz mover montanhas", salientou, ilustrando assim a força da cooperação entre os dois países neste cenário político e internacional.
No final das declarações, Mishustin e Li Qiang assinaram novos acordos de entendimento que permitem o aprofundamento da colaboração no investimento em serviços comerciais, um pacto sobre a exportação de produtos agrícolas para a China e um outro sobre cooperação no desporto. Ambos os países estão a discutir também o fornecimento de equipamento tecnológico à Rússia.
Mais tarde, foi a vez de Xi Jinping receber o primeiro-ministro russo, cerca de dois meses depois do encontro com o homólogo Vladimir Putin, em Moscovo. O presidente chinês tranquilizou Mishustin, assegurando-lhe que "a China está disposta a trabalhar com a Rússia para implementar uma cooperação conjunta" e "pragmática", capaz de elevar as relações bilaterais "a um novo nível".
A visita de Mikhail Mishustin surge dias depois da cimeira do G7, que decorreu no fim de semana, em Hiroshima (Japão), e na qual os líderes das sete maiores economias mundiais apelaram à China para pressionar a Rússia a parar a guerra contra a Ucrânia e chegaram a acordo para implementar novas sanções para privar a Rússia de meios que a ajudem no esforço de guerra contra a Ucrânia.
Os líderes do G7 rejeitaram ainda a utilização "como arma" do poder exportador e a instrumentalização da "coerção económica" como instrumento político, numa declaração feita a pensar na China.
“Trabalharemos juntos para garantir que as tentativas de converter a dependência económica numa arma, forçando os membros do G7 e os nossos parceiros, incluindo pequenas economias, a anuir e a adaptarem-se, falhem e enfrentem as consequências”, argumentou o bloco, citado num comunicado.
O governo chinês respondeu convocando o embaixador do Japão em Pequim, Tarumi Hideo, para denunciar as "difamações e ataques" que considera ter sido alvo durante a cimeira. No entender de Pequim, os países do G7 interferiram nos assuntos internos da China, acusando-os de estarem "fixados numa mentalidade de confrontação e num pensamento da Guerra Fria".