Defesa do Reino Unido em alerta: China está a pagar ordenados altíssimos a pilotos britânicos que ensinem a destruir aviões ocidentais

18 out 2022, 11:46
Exercícios militares em Taiwan (AP Photo)

Pequim quer desenvolver táticas e capacidades do Exército de Libertação Popular com recurso a militares ocidentais para aprender a derrotar os rivais

A China estará a recrutar dezenas de antigos pilotos da Força Aérea britânica para que treinem militares chineses e os ensinem a derrotar os aviões e helicópteros ocidentais. A notícia é avançada pela Sky News, que cita um responsável sob anonimato que assegura que cerca de 30 pilotos britânicos já estão em território chinês a treinar pilotos do Exército de Libertação Popular, recebendo um total de 240 mil libras - cerca de 280 mil euros - anuais.

A Sky garante que a China está ativamente a tentar contratar mais militares britânicos, mesmo no ativo, nomeadamente da Força Aérea (RAF), da Marinha e do Exército, e que Pequim estará também à procura de oficiais de outros países ocidentais. 

A estação britânica diz que a gravidade da situação já levou a que os serviços de informação do Ministério da Defesa do Reino Unido emitissem um alerta de ameaça, avisando os militares para eventuais tentativas de abordagem chinesas. 

Pequim estará a recorrer a caçadores de talentos para as contratações, servindo-se, por exemplo, de uma empresa com sede na África do Sul para o efeito, a Test Flying Academy of South Africa, ainda que o organismo nada tenha que ver com o governo sul-africano.

Apesar da ameaça aos interesses do Reino Unido e restantes países ocidentais, os governos não têm poderes para impedir a contratação dos militares pela China. O responsável que falou à Sky News sob anonimato acrescentou que nenhum dos contratados divulgou segredos de Estado, o que constituiria um crime, e revelou que a Defesa britânica já estará mesmo a trabalhar para dificultar o recrutamento dos seus militares. 

O pico destes recrutamentos terá ocorrido no final de 2019, antes do início do confinamento devido à pandemia de covid-19. Muitos dos pilotos que foram para a China terão mais de 50 anos e já deixaram as Forças Armadas há alguns anos. 

A China, por seu lado, estará a tentar desenvolver as táticas e capacidades das suas forças para conseguirem derrotar os rivais ocidentais, tendo mesmo tentado recrutar antigos pilotos que estiveram em missões confidenciais com os caças de última geração F-35, desenvolvidos pelos Estados Unidos, ou que pilotem aviões de guerra usados pelos países da NATO.

"Sejamos honestos, a China é um inimigo", disse Francis Tusa, especialista em assuntos de segurança, à Sky News. "Ainda assim, temos britânicos que decidiram que os seus interesses são mais bem servidos a ensinar o nosso inimigo a derrotar-nos. Isto é incrivelmente assustador." 

A Sky assinala que, esta terça-feira, o parlamento britânico prepara-se para endurecer a legislação no que diz respeito a indivíduos ou empresas que trabalhem para Estados hostis ou entidades estrangeiras que tentem influenciar a política interna do Reino Unido.
 

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