China quer que os Estados Unidos devolvam destroços do balão abatido

8 fev 2023, 18:32
Mao Ning (AP)

Pedido foi feito pelo embaixador do país em França. Washington D.C. afirma que vários balões chineses foram avistados nos cinco continentes e já está a informar os aliados sobre estes aparelhos

A China quer que os Estados Unidos devolvam os destroços do alegado balão-espião que sobrevoou o território norte-americano entre o final de janeiro e o início de fevereiro. O desejo foi comunicado pelo embaixador chinês em França, Lu Shaye.

"Se apanharmos algo na rua, devemos devolvê-lo ao proprietário, se soubermos de quem é”, disse, em entrevista ao canal francês LCI. "Se os americanos não o quiserem devolver, a decisão é deles. Isso demonstra a sua desonestidade", completou.

É a primeira vez que um oficial do governo de Pequim pede expressamente a devolução do aparelho abatido na costa leste dos Estados Unidos, mais concretamente ao largo da Carolina do Sul. O episódio motivou o cancelamento da visita de Antony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos, à China.

"Recentemente, os americanos têm feito muitas coisas contra a China. Mesmo que o sr. Blinken visitasse à China, não iria ser nada positivo", comentou Lu.

Também na terça-feira, quando questionada sobre se a China queria que os Estados Unidos devolvessem o balão, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim foi direta. “O balão não pertence aos Estados Unidos. Pertence à China”, afirmou Mao Ning, citada pela Bloomberg.

Entretanto, oficiais do governo de Washington D.C revelaram ao Washington Post que os balões chineses fazem parte de um “vasto programa de espionagem aérea”, e que balões como o que sobrevoou os Estados Unidos já foram avistados nos cinco continentes.

"O que os chineses fizeram foi pegar numa tecnologia incrivelmente antiga e, basicamente, casá-la com modernas capacidades de comunicação e observação. É um esforço maciço", apontou um alto funcionário, citado pelo jornal americano.

Na segunda-feira, à luz destas revelações, a vice-secretária de Estado, Wendy Sherman, informou cerca de 150 oficiais de perto de 40 embaixadas de países aliados sobre a espionagem que a China faz com recurso aos balões.

"Tem havido um grande interesse por parte dos nossos aliados e parceiros. Muitos deles reconhecem que também eles podem ser vulneráveis ou suscetíveis a isto”, referiu um funcionário de Washington D.C. Entre os países mais expostos estão Japão, Índia, Vietname, Filipinas e o território de Taiwan, refere o jornal.

À publicação, um oficial classifica a justificação avançada pela China, de que o aparelho seria um simples balão meteorológico que se desviou da rota, como falsa. "Este era um balão de espionagem da China. Este balão atravessou propositadamente os Estados Unidos e o Canadá. E estamos confiantes de que estava a tentar monitorizar locais militares sensíveis."

Apesar da tecnologia aparentemente rudimentar, o líder do Comité Especial para a China do Congresso dos Estados Unidos alerta para o potencial destes aparelhos. "Para aqueles que têm uma visão otimista sobre as capacidades reais de recolha de informações deste balão, penso que estão a subestimar as formas criativas que o Exército de Libertação do Povo poderá utilizá-lo, seja para fins de vigilância ou como plataforma para armas”, disse Mike Gallagher, também membro da Câmara dos Representantes pelo Partido Republicano.

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