Explosão de casos de covid-19 na China: médicos e enfermeiros infetados continuam a trabalhar

15 dez 2022, 10:55
Covid-19 na China (Kevin Frayer/Getty Images)

Depois de três anos de uma política de 'covid zero', com medidas muito apertadas para controlar o vírus, a China começou a levantar muitas restrições e a disseminação rápida da covid-19 está a provocar uma grande vaga de casos por todo o país

O cenário é agora completamente diferente daquele que se verificou nos últimos três anos: profissionais de saúde na China, incluindo médicos e enfermeiros, estão a trabalhar mesmo infetados com covid-19. Médicos de vários hospitais públicos relatam à agência Reuters que a ordem é das próprias autoridades de saúde chinesas e acontece numa altura em que muitos hospitais de Pequim têm mais de 80% das equipas infetadas com covid-19.

Estes testemunhos, que permitem vislumbrar uma drástica mudança de políticas em relação ao tratamento do vírus no país, indicam que há agora uma grande pressão nos hospitais devido à explosão de casos de covid-19. O governo chinês abandonou a política de 'covid zero', que previa confinamentos e testes em massa para erradicar as fontes de contágio assim que elas apareciam, depois de uma série de protestos no país contra essas medidas restritivas. O resultado foi uma rápida disseminação do vírus, que está a agora a causar muitos constrangimentos nos hospitais.

"Há cerca de 700, 800 pessoas com febre a chegar todos os dias. Estamos a ficar sem medicamentos para a febre e para a gripe. Muitos enfermeiros testaram positivo, mas não há grandes medidas de proteção no hospital e acredito que muitos de nós vão ser infetados brevemente", afirma um dos médicos ouvidos sob anonimato pela agência de notícias.

Por outro lado, muitas pessoas têm feito longas filas à porta das “clínicas de febre”, locais montados especificamente para atender quem tem febre e outros sintomas compatíveis com a doença.

Nas redes sociais, sobretudo na plataforma Weibo, também se multiplicam os relatos de que o vírus se está a espalhar muito rapidamente entre os profissionais de saúde, como revela o jornal britânico Guardian. Em muitos hospitais, quase toda a atividade cirúrgica teve de ser cancelada e reservada apenas para situações críticas - de vida ou de morte.

Mas este grande surto não se limita a Pequim e há sinais de que em várias cidades do país o vírus se está a disseminar a grande velocidade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que esta onda de casos começou muito antes das restrições terem sido levantadas e que se tornou "impossível" medir a sua dimensão, uma vez que a maioria das pessoas não está a ser testada. As autoridades de saúde chinesas deixaram de divulgar dados sobre novas infeções, argumentando que os números são pouco representativos desde que acabou a imposição de testagem obrigatória em laboratórios do Estado.

Há ainda outro alerta importante por parte da OMS: o organismo avisa que a população - existem cerca de 1,4 mil milhões de habitantes naquele que é um dos países mais populosos do mundo - não está devidamente vacinada. Apenas nos últimos dias é que se começaram a verificar esforços das autoridades de saúde chinesas para fazerem chegar a segunda dose da vacina contra o vírus aos grupos mais vulneráveis e de risco.

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