China acusa BBC de "estar a fazer-se de vítima": "Os jornalistas não se devem envolver em atividades não relacionadas com a sua função"

CNN Portugal , Notícia atualizada às 10:25
29 nov 2022, 08:41
Protestos em Xangai (AP Photo)

Repórter de imagem da BBC terá sido "atacado" e detido em Xangai durante a cobertura dos protestos contra as medidas de contenção da covid-19

"Os jornalistas não se devem envolver em atividades não relacionadas com a sua função", afirma o ministério dos Negócios Estrangeiros da China, em reação às críticas à atuação da polícia, que terá agredido e detido um dos repórteres da BBC a durante a cobertura dos protestos em Xangai no fim de semana. Em conferência de imprensa, esta terça-feira, em Pequim, o porta-voz do ministério, Zhao Lijiano, acusou a BBC de "estar a fazer-se de vítima".

A reação britânica não se fez esperar: de acordo com o Evening Standard, o secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, James Cleverly, convocou o embaixador da China, Zheng Zeguang, a Whitehall para explicar o tratamento dado ao repórter de imagem da BBC, Ed Lawrence, que terá sido sido "atacado” pela polícia.

A televisão pública britânica mostrou-se "muito preocupada" com os acontecimentos. "A BBC revelou que um de seus jornalistas foi detido e espancado pela polícia enquanto cobria esses protestos. Deixamos claro que esse comportamento das autoridades chinesas é completamente inaceitável", afirmou o o governo britânico.

No entanto, o porta-voz chinês disse  que o Reino Unido não pode ter "duplos critérios", recordando que as forças policiais britânicas também usaram a força para reprirmir os protestos durante o confinamento. Na segunda-feira, o governo chinês também já tinha afirmado que Lawrence não se tinha identificado como jornalista.

"A China é um país onde todos os direitos e liberdades dos cidadãos são garantidos pela lei, mas devem ser exercidas dentro do respeito pela lei", disse esta terça-feira Zhao Liji sobre a ação policial nos protestos, citado pela agência Reuters.

As autoridades chinesas começaram a investigar algumas das pessoas que se reuniram no fim de semana em  protestos contra as regras de contenção da covid-19, naquela que é a maior onda de desobediência civil na China continental desde que o presidente Xi Jinping assumiu o poder há uma década. 

Cheng Youquan, responsável de saúde chinesa, explicou que os protestos decorrem de uma implementação excessivamente rígida e inflexível das medidas de contenção da covid-19, que foram consideradas desprorporcionadas pelos cidadãos.

Depois de três dias a de protestos, as autoridades dão agora pequenos sinais de abertura para aliviar algumas medidas anti-covid, aparentando disponibilidade para ir ao encontro das reivindicações populares. O governo chinês reiterou que a política de covid zero se mantém em vigor, pois é a forma de “salvar vidas” face ao aumento de novos casos positivos, mas também tem sido anunciada a vontade de suavizar algumas medidas.

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