Depois de apanhar covid, André Ventura já admite levar a vacina

22 dez 2021, 20:37

Decisão influenciada pela leitura de “vários estudos internacionais”. Prazo do certificado de recuperação do líder do Chega termina no início de fevereiro

A 8 de agosto, o presidente do Chega dava a notícia ao país: estava em isolamento, infetado com covid-19. Na altura, com 38 anos, já era elegível para as duas doses da vacina. Mas não as tinha recebido. “Entendi que ainda não tinha informação suficiente para tomar uma decisão sobre a matéria”, argumentou.

Quatro meses depois, e após a leitura de “vários estudos internacionais”, o cenário é diferente. Numa conversa com a CNN Portugal, no âmbito de um outro artigo que está a ser preparado, o deputado admitiu vir a ser inoculado. “Feito isto, tendo toda a informação que tenho, equaciono a vacinação”, afirmou.

A decisão final é tomada em fevereiro, quando terminam os seis meses atestados no certificado de recuperação do líder do Chega. O deputado gravou um vídeo para a CNN Portugal em que confirma a decisão: "Hoje equaciono ser vacinado, após muita informação".

Mesmo sem a vacina, André Ventura passou pela infeção apenas com sintomas ligeiros. O líder do Chega sempre reforçou que a decisão de não se inocular não era definitiva e que não tinha qualquer motivação política. Ainda assim, continua a insistir que é contra a vacinação obrigatória. “Não podemos impor a vacinação obrigatória às pessoas.”

“Recusei a vacina quando foi um privilégio dos deputados”

Em janeiro deste ano, quando a pandemia estava no seu pico em Portugal, André Ventura recusou a oportunidade de ser um dos primeiros vacinados no país. “Recusei a vacina quando foi um privilégio dos deputados.” Depois, e aliada ao que considerava ser falta de informação, a “atividade política muito ativa” – segundo declarações do próprio em agosto – acabaria por adiar o agendamento da vacina.

A decisão de integrar os deputados na lista de prioritários foi justificada, na altura, com a necessidade de garantir o normal funcionamento da Assembleia da República, garantindo decisões e medidas sobre a vida coletiva em contexto de pandemia. Mas o único parlamentar do Chega acabaria a destacar que existiam outros grupos mais urgentes na fila, como bombeiros ou idosos.

A relação do Chega com o tema das vacinas não é pacífica. Existem dirigentes que optaram por não tomar a vacina, inclusive por se dizerem contra o uso de certificado digital para o acesso a um conjunto de serviços. Depois, em várias iniciativas do partido, têm marcado presença militantes negacionistas, que questionam as medidas que têm sido definidas pelas autoridades de saúde. “Sei dessa relação [difícil]”, admite Ventura à CNN Portugal.

A teoria do envenenamento

Em agosto, no mesmo dia em que a infeção de André Ventura se tornou pública, um grupo de militantes de Vila Real chegou a recorrer ao Facebook para justificar que o motivo para o presidente do partido não se vacinar seria o receio de um eventual envenenamento.

“Dizem que ele não tomou a vacina. Não o podemos criticar. Duvidam que se o André chegasse ao centro de vacinação cheio de funcionários do governo socialista do António Costa não lhe iam tentar injetar veneno mal percebessem que era ele? Todo o cuidado é pouco e recomendo aos militantes do Chega que não se identifiquem como tal quando vão tomar a vacina. Incomodamos muita gente e vão fazer de tudo para nos parar. Tomem cautela", podia ler-se

O partido veio depois explicar que o perfil em causa não era de dirigentes do partido.

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