Vereador ex-Chega vai exercer pelouro da fiscalização na autarquia do Seixal

Agência Lusa , PF
8 fev 2023, 22:56
Seixal expande pontos de carregamento

Proposta foi aprovada com os votos favoráveis da CDU e com a abstenção dos vereadores de PS e PSD

O vereador independente da Câmara Municipal do Seixal, que há um ano se desvinculou do Chega, vai integrar o executivo camarário comunista com o pelouro da Fiscalização e Contra-Ordenações.

A proposta apresentada pelo presidente da autarquia do Seixal (CDU), no distrito de Setúbal, na reunião de câmara, foi aprovada com os votos favoráveis da CDU e do vereador em questão (atualmente sem pelouro ou função executiva) e a abstenção dos quatro vereadores do PS e do vereador do PSD.

“Há a proposta de alargar o número de vereadores a tempo inteiro de quatro para cinco considerando que existem áreas que pela sua importância também deverão ter um vereador a tempo inteiro que é caso da Fiscalização e do gabinete de Contra-ordenações recentemente criado”, disse o presidente.

Em fevereiro de 2022, o partido Chega anunciou a retirada da confiança política ao vereador no Seixal, Henrique Freire, por este ter viabilizado orçamentos municipais da CDU.

Na altura, Henrique Freire reagiu indicando que a decisão de se afastar foi sua, ao constatar que o partido não era “democrático” e se limitava a “chavões populistas”.

Outros quatro autarcas eleitos no Seixal pelo Chega, dois deles na Assembleia Municipal, também decidiram na altura desfiliar-se do partido, assumindo os seus cargos como independentes.

Esta quarta-feira, Henrique Freire foi o nome apresentado pelo presidente da autarquia, Paulo Silva, para o alargamento do número de vereadores com pelouro e a tempo inteiro, passando assim a integrar o executivo camarário, um tema que gerou um longo e aceso debate na reunião de câmara.

Eduardo Rodrigues, vereador do PS, disse que esta foi uma estratégia do executivo camarário para criar uma maioria definitiva.

“Desejo todo o sucesso, mas não posso deixar de dizer o que sabemos ser a realidade”, disse adiantando que este anúncio “leva a pensar que foi um jogo bem trabalhado para atingir um objetivo" de entrar "através de um partido de extrema-direita e depois juntar-se ao PCP".

“Coitado do Álvaro Cunhal que deve estar a dar cambalhotas no caixão porque nunca pensaria ele que algum dia o PCP iria fazer uma aliança com a extrema-direita radical portuguesa”, frisou.

Elisabete Adrião, também vereadora socialista, disse que este anuncio não é surpresa, uma vez que o vereador Henrique Freire já viabilizava praticamente tudo nas reuniões de câmara enquanto Miguel Feio (PS) apontou que houve uma mudança de paradigma.

Já Bruno Vasconcelos, do PSD, referiu que a decisão camarária enfraquece o executivo.

“Ver o PCP a garantir a governabilidade com votantes da extrema-direita é surreal e deixa perplexa qualquer pessoa. Eu acho que vos enfraquece e, para mim, ainda bem “, referiu.

Em resposta aos vereadores, Henrique Freire disse que foi eleito pelo Chega, partido que ajudou a construir, mas que saiu por não se identificar com o atual projeto e que, por isso, não tem de ser crucificado nem tem de ter cadastro.

“Não tenho nada a ver com o Chega, não faz parte da minha vida, é passado, e eu estou aqui para o presente e para o futuro”, frisou, explicando que vai gerir áreas que conhece numa autarquia na qual é funcionário há 25 anos.

Já o presidente da autarquia, Paulo Silva, disse que “sempre foi prática do Partido Comunista Português, enquanto força politica que tem gerido os destinos da Câmara Municipal do Seixal desde o 25 de abril, dar pelouros a todas as forças políticas mesmo tendo maioria absoluta".

No inicio do mandato, explicou, foram feitas propostas a todos os partidos, exceto a Henrique Freire, porque com o Chega o PCP não tinha qualquer conversa.

Paulo Silva disse ainda que o vereador Henrique Freire tem demonstrado que nada tem a ver com os princípios do partido Chega no papel que tem vindo a desempenhar, dando como exemplo a aprovação do Plano para a Integração das Comunidades Ciganas.

“Apesar de ser uma matéria que toda a gente sabe o que o partido Chega pensa sobre isso ele (Henrique Freire), ainda nessa altura estando no partido Chega, não teve qualquer problema de votar a favor do plano apresentado e até o defendeu publicamente”, disse.

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