Manifestação do Chega junto ao parlamento português exige “Lula na prisão”

Agência Lusa , PP
25 abr 2023, 10:31

Cerca de 300 militantes do partido Chega e brasileiros do Movimento Brasil Portugal estão a defender que Lula da Silva devia estar na prisão durante uma manifestação que está a decorrer numa rua próxima do parlamento português

Cerca de 300 militantes do partido Chega e brasileiros do Movimento Brasil Portugal estão hoje a defender que Lula da Silva devia estar na prisão durante uma manifestação que está a decorrer numa rua próxima do parlamento português.

“Lula, ladrão, o teu lugar é na prisão” e “Tolerância Zero à Corrupção”, com fotografias ora com o Presidente brasileiro abraçado ao antigo primeiro-ministro português José Sócrates ora com os dois atrás das grades, são as palavras de ordem mais ouvidas, numa manifestação rodeada de grandes medidas de segurança e que a confinam ao início da Avenida D. Carlos I, mesmo ao lado da Assembleia da República.

A iniciativa é do partido da direita portuguesa Chega, cujo presidente, António Ventura, é aguardado ou a meio da manhã, depois de cerimónia em que Lula da Silva discursará no Parlamento, no quadro da visita oficial a Portugal, ou depois da sessão solene do “25 de abril”, em que o chefe de Estado brasileiro já não irá participar.

À manifestação juntou-se o Movimento Partido da Terra, que não tem representação parlamentar, havendo também uma pequena concentração de cidadãs ucranianos. Na concentração marca ainda presença do dirigente neonazi Mário Machado, fundador do movimento nacionalista Nova Ordem Social e da Frente Nacional, também antigo membro do grupo Hammerskins Portugal, que esteve preso por posse ilegal de arma e envolvido em processos ligados a violência e crimes de ódio contra estrangeiros.

Perante apelos a uma ação de protesto pacífica, ainda antes de o Presidente do Brasil chegar ao parlamento, os dirigentes do Chega elogiaram as forças de segurança e pediram repetidamente aos manifestantes para gritarem as palavras de ordem e para evitarem responder a eventuais provocações, uma vez que, do outro lado da Assembleia da República, na rua de São Bento, decorre uma outra manifestação, mas de apoio a Lula da Silva.

Em declarações à agência Lusa, Manuel Matias, porta-voz e assessor do Chega, indicou que o objetivo da manifestação é o de “mostrar às autoridades portuguesas e ao mundo, que o povo português diz não à corrupção”.

"Hoje, dia da liberdade, 25 de Abril, uma data que devemos defender em nome da democracia e da liberdade e dos valores da república, temos na Assembleia da República alguém que representa precisamente o oposto, o que constitui um ultraje aos valores que Portugal e que os políticos portugueses defendem”, sublinhou Manuel Matias.

Na manifestação participam também várias organizações e associações brasileiras em Portugal, como o Movimento Brasil Portugal, cuja líder, Mónica Kalman, disse à Lusa que a eleição de Lula da Silva foi “estranha” e que representa a “mentira e a falácia”.

“O Presidente do Brasil está aqui em Portugal, foi recebido pelo Governo português. A eleição foi estranha e não representa todos os brasileiros. Uma coisa é ganhar a eleições outra é ganhar o poder. A verdade deve prevalecer”, disse Mónica Kalman à Lusa.

“Representamos os brasileiros, a direita e o conservadorismo brasileiro. Defendemos a verdade, e esse Presidente brasileiro recebido pelo Governo português representa toda a mentira, toda a falácia. Apoiamos o Chega, defendemos os mesmos valores, na procura da verdade, para que não os brasileiros não sejam enganados. Daí termo-nos juntado ao Chega na manifestação”, acrescentou.

Investigado na operação Lava Jato, Lula foi preso em abril de 2018, condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso de um apartamento em Guarujá, no litoral do estado de São Paulo.

Esteve 580 dias preso, até novembro de 2019, e ficou impedido de disputar as eleições presidenciais de 2018 contra Jair Bolsonaro.

Em 2021, o ex-presidente viu as condenações na Lava Jato anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou que os direitos de Lula da Silva não foram respeitados durante o processo conduzido pelo então juiz Sérgio Moro, que viria a assumir o cargo de ministro da Justiça no Governo de Bolsonaro.

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