Chega espera que Marcelo tenha falado com Santos Silva: "escalada de conflito não interessa a ninguém"

Agência Lusa , CF
27 jul 2022, 19:11
André Ventura (Lusa/Tiago Petinga)

“O que eu espero é que o Presidente da República tenha feito esse papel de garante da democracia, de garante das instituições, no sentido de chamar a atenção ao presidente da Assembleia que não pode continuar assim e que a escalada deste conflito com o Chega não é bom nem para a democracia, nem para as instituições”, defendeu André Ventura

O presidente do Chega disse esta quarta-feira que espera que o Presidente da República tenha “chamado à atenção” o presidente da Assembleia da República e defendeu que “a escalada de conflito não interessa a ninguém”.

Em declarações aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, André Ventura foi questionado sobre o almoço de Marcelo Rebelo de Sousa e Augusto Santos Silva, no Palácio de Belém, dois dias antes da audiência do líder do Chega, e disse imaginar que os dois tenham falado “sobre o que se passou na Assembleia da República e o que se está a passar”.

“O que eu espero é que o Presidente da República tenha feito esse papel de garante da democracia, de garante das instituições, no sentido de chamar a atenção ao presidente da Assembleia que não pode continuar assim e que a escalada deste conflito com o Chega não é bom nem para a democracia, nem para as instituições”, defendeu.

Na ótica de Ventura, “não cabe ao Presidente da Assembleia da República ser um comentador de propostas dos partidos” e classificou como “caricata” a decisão de Augusto Santos Silva de pedir um parecer à 1.ª comissão antes de decidir se admite ou não o projeto de resolução do Chega que visa condenar o seu comportamento.

Considerando que o presidente do parlamento “praticamente está a impedir subir ao plenário um voto de censura a si próprio”, o líder do partido de extrema-direita defendeu que “não fica bem ao presidente da Assembleia estar a tentar vetar uma resolução de censura sobre si próprio”, e alegou que Santos Silva quer “ficar com carta branca para não poder ser censurado até ao fim do seu mandato”.

Quando se encontrar com o Presidente da República na sexta-feira, o líder do Chega vai defender que “a escalada do conflito não interessa a ninguém, a escalada da conflitualidade institucional não será boa, sobretudo quando o Chega é a terceira maior força do parlamento e pode levar no limite ao bloqueio das instituições com comissões de inquérito, com projetos de censura, com moções de censura e eu acho que isso não interessa a ninguém”.

“E espero que haja recetividade de Marcelo Rebelo de Sousa para discutir a questão e pelo menos para conseguirmos amenizar a situação porque temos uma legislatura para cumprir”, apontou.

Pedro Pinto "agiu sobre provocação" do PS

Questionado também sobre o caso noticiado por alguns órgãos de comunicado social da alegada ameaça de violência física do líder parlamentar do Chega a um assessor do PS, nos corredores da Assembleia da República, o líder do partido disse que tem “total confiança” em Pedro Pinto.

André Ventura alegou também que o seu colega de bancada “foi o primeiro a ser alvo de provocações, de insinuações e de agressão verbal por parte de um agressor do PS” e que “agiu sobre provocação”.

O Presidente da República e o presidente da Assembleia da República almoçaram juntos esta quarta-feira no Palácio de Belém durante aproximadamente hora e meia.

Em declarações aos jornalistas no final do encontro, Augusto Santos Silva afirmou que convidou Marcelo Rebelo de Sousa para estar presente na sessão solene comemorativa dos 200 anos da aprovação da primeira Constituição portuguesa, e que o chefe de Estado aceitou o convite.

Antes da chegada de Santos Silva ao Palácio de Belém, às 13:00, fonte da Presidência referiu aos jornalistas que o almoço entre as duas mais altas figuras do Estado português é uma tradição que Marcelo Rebelo de Sousa tem antes das férias parlamentares, e que também cumpriu com o anterior presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.

Questionado sobre o assunto da audiência de André Ventura, o presidente da Assembleia da República não se pronunciou.

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