"Não é de agora. Antes das eleições alertámos para este risco que se corria com uma maioria absoluta", afirmou Isabel Camarinha
A líder da CGTP disse esta quinta-feira que sempre alertou para "o risco" de uma maioria absoluta, considerando que, neste momento, há "um comportamento que não vem ao encontro das necessidades dos trabalhadores", referindo-se à atual situação política.
A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, falava aos jornalistas no final de uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa, no âmbito das audiências aos parceiros sociais.
Questionada sobre se a atual crise política relacionada com a TAP, que levou à demissão de três governantes, foi abordada na reunião com o chefe de Estado, Camarinha sublinhou que a intersindical "sempre considerou que as maiorias absolutas não beneficiam a situação dos trabalhadores e da população em geral".
"Não é de agora. Antes das eleições alertámos para este risco que se corria com uma maioria absoluta. Há de facto um comportamento que não vem ao encontro das necessidades dos trabalhadores e das populações e há um conjunto de situações que tem vindo a ocorrer que o Governo terá de resolver", disse a líder sindical.
Porém, acrescentou, "para a CGTP a questão é as opções que o Governo toma, as opções que têm de ser alteradas e a mudança de rumo que é preciso no nosso país".
"O que transmitimos [ao Presidente da República] é que esta maioria absoluta não está a dar resposta aos problemas e às necessidades dos trabalhadores e depois há também alguma falta de rigor nalguns comportamentos que têm consequências a nível do Governo", reforçou Isabel Camarinha.
Para a CGTP, "a questão de fundo não é que mude o ministro A, o secretário de Estado B ou a secretária de Estado C", mas sim "qual é a opção que o Governo faz em relação à situação que estamos a viver", nomeadamente quanto ao aumento do custo de vida e à "degradação das condições dos trabalhadores e da população em geral".
Além da CGTP, o Presidente da República recebeu antes a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), seguindo-se após a intersindical a CIP - Confederação Empresarial de Portugal. Na quarta-feira, o chefe de Estado recebeu no Palácio de Belém a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) e a UGT.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, demitiu-se na quarta-feira à noite para “assumir a responsabilidade política” do caso da indemnização de 500 mil euros da TAP à ex-secretária de Estado do Tesouro.
Esta foi a terceira demissão do Governo em dois dias, depois de Alexandra Reis, da pasta do Tesouro, no centro da polémica com a indemnização, e do secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, que acompanhou a decisão de Pedro Nuno Santos.
O ministro das Finanças, Fernando Medina, demitiu na terça-feira a secretária de Estado do Tesouro, menos de um mês depois de Alexandra Reis ter tomado posse e após quatro dias de polémica com a indemnização de 500 mil euros da TAP, tutelada por Pedro Nuno Santos.