Certificados de aforro. Portugueses investiram mais em outubro do que em todo o ano de 2021

Agência Lusa , WL
6 dez 2022, 14:16
Euro e dólar

Procura tem-se intensificado porque este instrumento está indexado à Euribor a três meses, trazendo assim maior retorno aos investidores

Os certificados de aforro (CA) registaram a entrada de 1.487 milhões de euros em novas subscrições durante o mês de outubro, valor que supera as emissões anuais registadas de 2016 a 2021.

A procura por certificados de aforro tem-se intensificado nos últimos meses, refletindo a subida da Euribor a três meses e o consequente aumento da taxa de remuneração dos CA – já que aquele indexante integra a fórmula de cálculo da taxa de juro deste produto de poupança.

De acordo com o boletim estatístico do IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, as novas subscrições mensais de CA ultrapassaram em outubro os mil milhões de euros, o que acontece pela primeira vez este ano, fazendo com que o montante de poupança aplicado neste produto some já 4.122 milhões de euros no acumulado dos 10 primeiros meses deste ano.

Já as saídas (amortizações) totalizam 570 milhões de euros – das quais 78 aconteceram em outubro.

O montante de poupança aplicado em CA tem vindo a subir de forma consecutiva desde janeiro, mês em que as novas subscrições totalizaram 95 milhões de euros, o valor mensal mais baixo registado este ano.

Recorde sem paralelos

Os 1.487 milhões de euros em novas subscrições registadas apenas durante o mês de outubro ou os mais de 4.100 milhões de euros aplicados em CA desde o início do ano não têm paralelo com a situação observada ao longo dos últimos anos, sendo necessário recuar a 2015 para encontrar um ano em que este produto atraiu um valor superior a mil milhões de euros.

Segundo os dados estatísticos do IGCP, as emissões de CA totalizaram 1.394 milhões de euros em 2015 – ano em que a Euribor a três meses entrou em terreno negativo. Em 2016 as novas entradas caíram para 785 milhões de euros e, no ano seguinte, o valor continuou a baixar, havendo registo de 540 milhões de euros de novas emissões – cerca de três vezes menos, do que o valor que os aforradores retiraram de CA.

Até 2021, segundo mostram os mesmos dados do IGCP, o valor total anual das novas subscrições ficou sempre abaixo da fasquia dos mil milhões de euros.

Regras

A taxa de juro da série de certificados de aforro (CA) atualmente em comercialização (a série E) é determinada mensalmente (no antepenúltimo dia do mês, para vigorar no seguinte), tendo em conta uma fórmula que contempla um prémio de permanência e a média dos valores da Euribor a três meses observados nos 10 ias úteis anteriores.

As regras limitam o prémio de permanência a um máximo de 1% (valor atribuído a partir do 6.º ano da subscrição e até ao fim do prazo), definindo ainda que da fórmula não pode resultar uma taxa base superior a 3,5%.

A taxa de juro bruta para as novas subscrições e capitalizações de CA em dezembro foi fixada em 2,842% (acima dos 2,492% de novembro), valor que deverá manter a procura por este tipo de produto de aforro uma vez que a remuneração supera de forma significativa as taxas de juro que os bancos oferecem atualmente pelos depósitos.

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