Nuno Melo quer um CDS de "centro-direita moderno" e militantes a pagar quotas

Agência Lusa , CE
16 mar 2022, 08:01
CDS-PP: Nuno Melo apresenta candidatura à presidência do partido

São algumas das ambições que constam da moção "Tempo de Construir", da qual o candidato à liderança do CDS-PP é o primeiro subscritor

O candidato à liderança do CDS-PP, Nuno Melo, quer um partido de “centro-direita moderno” e defende, na sua moção de estratégia global, que os militantes deverão pagar quotas para equilibrar a situação financeira.

O eurodeputado é o primeiro subscritor da moção “Tempo de Construir”, de 49 páginas, que defende que o “CDS não é um partido qualquer”, é um partido “fundacional do regime democrático”, e que o CDS “não acabou”, apesar dos resultados nas eleições legislativas que foram “trágicos e os piores da história”, afastando o partido do parlamento.

Nuno Melo salienta na sua moção que o CDS-PP “governa sozinho seis autarquias com expressão no continente, Açores e Madeira, tem representação no Parlamento Europeu e integra os governos de ambas as regiões autónomas”.

Apontando que para inverter o “ciclo negativo” é preciso “saber ler os sinais, interpretar com coragem o que falhou, alterar e corrigir o que tem de ser mudado”, o dirigente propõe-se a transformar o CDS-PP “num partido político de centro-direita moderno, formatado para os desafios do século XXI”.

O eurodeputado quer um partido de “ideias nítidas, bandeiras claras e quadros de primeira linha”, apontando que a “credibilidade e competência voltarão a ser marcas de água indeléveis”, e quer o CDS a tratar temas que “estão no epicentro das decisões europeias e condicionam o essencial da atribuição de fundos comunitários”, como o ambiente ou a economia digital.

Nuno Melo considera as próximas eleições para o Parlamento Europeu, em 2024, “uma autêntica prova de vida para o partido”, defendendo que o CDS deverá “apresentar uma candidatura própria”.

O objetivo é “relançar com força a ambição que em 2026 devolverá o partido à Assembleia da República, nas eleições legislativas”, salienta.

O candidato à liderança do CDS-PP alerta igualmente que o partido “terá de se reconstruir e reorganizar", numa altura em que “os recursos financeiros foram drasticamente mutilados com a perda de subvenção parlamentar”.

Nuno Melo defende que “cada militante do CDS terá de assegurar o pagamento de quotas, como contrapartida para os direitos que essa condição garante, casos de eleger, ser eleito e participar na vida” do partido, sem adiantar um valor.

E propõe também a criação do estatuto de simpatizante, “sem a possibilidade de exercício daqueles direitos”.

Ainda no que toca à situação financeira do CDS-PP, o dirigente propõe na sua moção de estratégia global reuniões por meio digital “onde sedes do partido deixarem de poder ser pagas” e considera que “formas legais de angariação de fundos poderão amortizar parte” do passivo.

A moção contou com contributos de Isabel Galriça Neto, Ana Rita Bessa, Pedro Mota Soares, Nuno Magalhães, João Almeida, Diogo Feio, Paulo Núncio, Cecília Meireles, Luís Mira ou Hélder Amaral, entre outros.

Para “responder aos desafios” da crise provocada pelo conflito na Ucrânia, Nuno Melo defende um “plano de emergência nacional”, com medidas como uma “baixa significativa, extraordinária e temporária” do imposto sobre produtos petrolíferos ou a redução “extraordinária e temporária do IVA” sobre a energia, combustíveis e produtos essenciais.

Centristas apresentam 10 moções de estratégia global ao congresso

Um total de 10 moções de estratégia global foram submetidas para serem discutidas no 29.º congresso do CDS-PP, agendado para 2 e 3 de abril, em Guimarães, no distrito de Braga.

Fontes da organização disseram à Lusa que, além das moções apresentadas pelos dois candidatos à liderança - Nuno Melo (Tempo de Construir) e Miguel Mattos Chaves (O Futuro para o CDS - Partido Popular) - foram entregues à Comissão Organizadora do Congresso mais oito moções de estratégia global, documentos que serão votados em alternativa e visam "fixar a orientação geral do partido".

A moção "Trazer a democracia cristã para o século XXI" tem como primeiro subscritor José Seabra Duque, a moção "Visão 22 - 30" é apresentada pelo militante Bruno Costa, a moção "A Soma que dá Um" é apresentada por Octávio Rebelo da Costa e o antigo vereador da Câmara de Lisboa e vogal da comissão política Nuno Correia da Silva entregou a moção "Liberdade".

A tendência Esperança em Movimento apresenta o texto "Recomeçar pelas Bases", a Juventude Popular "Sem medo de avançar", o líder da distrital de Aveiro, Fernando Almeida, subscreve a moção "Pelas mesmas razões de sempre" (o slogan adotado na campanha das eleições legislativas), e a Federação dos Trabalhadores Democrata-Cristãos apresenta a moção "Juntos e solidários por Portugal".

As moções de estratégia global têm de ser subscritas por um mínimo de 300 militantes, assinaturas que serão agora verificadas. Os textos das moções serão divulgados nos próximos dias na área do 'site' do partido dedicada à reunião magna centrista.

As mesmas fontes ligadas à organização do congresso transmitiram à Lusa que não foi submetida nenhuma moção de estratégia setorial. No último congresso foram entregues 11.

No último congresso, em janeiro de 2020, em que houve cinco candidatos à liderança do partido, foram levadas à reunião magna 12 moções de estratégia global.

O prazo para entrega de moções de estratégia global e também de moções de estratégia setoriais terminou na terça-feira à noite.

O 29.º Congresso do CDS-PP vai eleger o sucessor de Francisco Rodrigues dos Santos, que se demitiu da presidência do partido e não irá recandidatar-se na sequência dos resultados eleitorais nas legislativas de 30 de janeiro, que afastaram os centristas da Assembleia da República.

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