O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos apresentou, esta terça-feira, um estudo que dá conta do maior risco de doença grave em crianças não vacinadas face à variante Ómicron. O estudo aponta ainda para uma maior vulnerabilidade nos menores de grupos raciais e étnicos minoritários
Nove em cada dez crianças que foram hospitalizadas nos Estados Unidos durante o período de predomínio da variante Ómicron não estavam vacinadas. A conclusão é apresentada no Relatório Semanal de Morbidade e Mortalidade do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
Segundo o estudo, que analisou as taxas de hospitalização entre 19 de dezembro de 2021 e 28 de fevereiro de 2022 - período em que a variante Ómicron se tornou dominante - as hospitalizações associadas à infeção por SARS-CoV-2 em crianças de cinco a 11 anos foram 2,1 vezes maiores entre crianças não vacinadas do que entre crianças vacinadas.
“A maioria (87%) das crianças hospitalizadas durante o período predominantemente Ómicron não estava vacinada”, lê-se na investigação.
Nesta altura, as crianças nesta faixa etária já estavam elegíveis para a vacinação com a vacina Pfizer/BioNTech, a mesma que está autorizada em Portugal para este grupo etário.
No período analisado, 32% das crianças hospitalizadas tiveram covid-19 grave, 19% necessitaram de internamento na unidade de cuidados intensivos (UCI), incluindo 15% sem condições médicas subjacentes. Nenhuma criança morreu, mas cinco tiveram de ser ventiladas.
A investigação indica ainda que 30% das crianças hospitalizadas (seja em enfermaria ou UCI) não tinham condições médicas subjacentes, porém, o estudo destaca que, tal como acontece com os adultos, as crianças com diabetes e obesidade mostraram ser mais propensas a desenvolver uma forma grave da doença. O mesmo não aconteceu entre as crianças com asma, crianças com condições de imunossupressão e crianças que já se encontravam hospitalizadas, em que o risco de doença grave foi menor.
“A descoberta de que as taxas de hospitalização em crianças não vacinadas foram o dobro das de crianças vacinadas sugere que as vacinas são eficazes na prevenção de morbidades associadas à covid-19”, defendem os autores.
Ómicron: mais casos geraram mais doença grave nas crianças
Com base na comparação dos períodos predominantes das variantes Delta e Ómicron, os investigadores notaram que as taxas semanais de hospitalização de crianças atingiram o pico durante as semanas de 25 de setembro de 2021 (com a Delta predominante, menos contagiosa) e 22 de janeiro de 2022 (com a Ómicron predominante, mais contagiosa), sendo que o pico de internamentos à boleia da Ómicron (2,8 por 100 mil crianças) foi 2,3 vezes superior ao pico causado pela Delta (1,2 por 100 mil crianças).
“As taxas de pico de admissão na Unidade de Cuidados Intensivos foram 1,7 vezes maiores durante a predominância da Ómicron do que durante a predominância Delta”, lê-se no estudo.
Segundo os autores do estudo, este é um problema que afeta mais as minorias, uma vez que as "crianças negras não hispânicas" representam o maior grupo de crianças não vacinadas e, por isso, mais vulneráveis ao desenvolvimento de doença grave.
“Neste estudo, aproximadamente metade (53%) das crianças hospitalizadas não vacinadas eram negras ou hispânicas, dois grupos conhecidos por terem taxas de vacinação mais baixas”, explicam, frisando a importância do aumento da cobertura vacinal em todas crianças, mas sobretudo “entre grupos raciais e étnicos minoritários desproporcionalmente afetados pela covid-19”.
Na semana passada, a Pfizer e a BioNTech anunciaram em comunicado que uma dose de reforço da vacina contra a covid-19 aumentou o nível de anticorpos contra a variante original do vírus e também contra a Ómicron, num pequeno teste feito com crianças de 5 a 11 anos.