Cavaco Silva sobre futuro de Costa: Por vezes os primeiros-ministros "decidem apresentar a sua demissão” devido a “um rebate de consciência”

20 mai 2023, 19:00
PSD/ASD: 3.º Encontro Nacional de Autarcas Social Democratas

Discurso do antigo Presidente da República encerrou o Encontro de Autarcas Social Democratas. Nele, Cavaco mostra-se "seriamente preocupado" com a governação socialista e destaca o nome de Passos Coelho como quem retirou o País da Bancarrota

O ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva mostrou-se "seriamente preocupado" com o rumo levado pelo Executivo de António Costa até ao momento, acusando o atual Governo de ser "incompetente" e "mentiroso". No discurso que encerrou o 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas (ASD), em Lisboa, sublinhou que por vezes os primeiros-ministros “decidem apresentar a sua demissão” devido a “um rebate de consciência”.

“Em princípio, a atual legislatura termina em 2026. Mas às vezes os primeiros-ministros, em resultado de uma reflexão sobre a situação do país ou de um rebate de consciência, decidem apresentar a sua demissão e têm lugar eleições antecipadas – foi isso que aconteceu em março de 2011”, disse.

O também antigo primeiro-ministro do PSD apontou que o primeiro-ministro "perdeu a autoridade" e "não desempenha as competências que a Constituição lhe atribui: dirigir o funcionamento do Governo e a política geral do Executivo e coordenar e orientar todos os ministros". "Nunca imaginei que a incompetência do Governo socialista atingisse uma tal dimensão”.

Cavaco critica também as várias demissões ao longo de pouco mais de um ano de maioria absoluta."Devemos perguntar aos portugueses se acham normal e se é benéfico para o país que um governo dotado de uma maioria absoluta e que acaba de completar apenas um ano sobre a submissão do seu programa ao Parlamento já tenha sido forçado a substituir 13 dos seus membros, vários deles por violações graves de ética política".

"Foi o PS e o seu Governo que colocaram o país na trajetória de empobrecimento e de profunda degradação da situação política em Portugal", continuou, sublinhando que o PSD "é inequivocamente a única alternativa credível".

Na opinião de Cavaco Silva, “não tendo obra para apresentar”, o Governo “considera que o importante é ter uma boa central de propaganda” com o objetivo de “desinformar, condicionar, iludir, anestesiar e enganar os cidadãos, procurando esconder a situação a que conduziu o país”.“Vemos, ouvimos e lemos sobre a desastrosa intervenção do Estado na TAP. Digo apenas, senhores autarcas, que perguntem aos portugueses se alguma vez imaginaram que seria possível um Governo descer tão baixo em matéria de ética política e desprezo pelos interesses nacionais”, acusou.

Cavaco Silva afirmou que “da TAP tem-se falado em abuso de poder e dos milhões de desperdício dos governos públicos”, acrescentando que “há, no entanto, por aí, muitos mais milhões desperdiçados”.

O antigo líder do PSD afirmou que o governo socialista liderado por António Guterres “deixou o país num pântano”, o governo do PS liderado por José Sócrates “deixou o país na bancarrota” e o governo de António Costa, apesar dos apoios europeus, “vai deixar ao próximo Governo uma herança extremamente pesada”.

Cavaco Silva pede que PSD rejeite coligações pré-eleitorais

Depois de interpelar Luís Montenegro como alguém que "tem identificado bem o adversário político do PSD", Cavaco Silva sublinhou que os sociais-democratas "não devem dispersar energias com outros partidos nem responder às provocações que deles possam vir, assim como de alguns comentadores políticos".

O antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, cumprimenta militantes durante o 3.º Encontro Nacional de Autarcas Social Democratas sob o tema "Autarquias. Que futuro?", em Lisboa, 20 de maio de 2023. ANDRÉ KOSTERS/LUSA

O antigo líder social-democrata destacou que o PSD tem apresentado programas de qualidade no âmbito da emergência social e do Orçamento do Estado, contrastando com as medidas que o Governo tem apresentado ao nível, por exemplo, da habitação. Sobre este tema, Cavaco voltou a criticar o programa 'Mais Habitação', sublinhando que o mesmo "depois de corroer a confiança dos investidores", "ataca a autonomia dos municípios".

No entanto, defende que o PSD só deve apresentar "um programa eleitoral na proximidade do ato eleitoral, como é normal", de modo a ter em "devida conta os desenvolvimentos a nível nacional e internacional". E, aliás, o partido liderado por Luís Montenegro "não deve ir a reboque de moções de censura apresentadas por partidos mais preocupados em ser notícia na Comunicação Social". Estas moções de censura, argumenta Cavaco Silva, desviam as atenções dos "casos reprováveis e dos erros da sua governação".

Cavaco deixa ainda uma palavra a Pedro Passos Coelho, antigo primeiro-ministro e cujo nome leva algum relevo em sondagens para uma possível candidatura a Belém, sublinhando que espera que "a Democracia não volte a registar atitudes semelhantes aos atos vergonhosos e miseráveis movidos pelo PS ao dr. Pedro Passos Coelho", que, "como primeiro-ministro, mostrou coragem e sentido de Estado, tendo retirado o País da bancarrota".

Num recado interno, garante também que a melhor estratégia para o maior partido da oposição, neste momento, é a de rejeitar um pré-anúncio de "qualquer política de coligações, tendo em vista as próximas eleições". "É uma armadilha orquestrada pela central de comunicação socialista em que algumas boas ou ingénuas intenções têm caído".  

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