Catarina Martins afirma que Governo deve recuar após "mentir" sobre pensões

Agência Lusa , RL
11 out 2022, 18:23
Catarina Martins (Lusa/Rodrigo Antunes)

Coordenadora do Bloco de Esquerda considera que o Executivo deve pedir desculpas e implementar uma atualização das pensões com base na inflação

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, acusou esta terça-feira o Governo de mentir em relação à sustentabilidade da Segurança Social, considerando que o executivo deve pedir desculpas e implementar uma atualização das pensões com base na inflação.

“O Governo mentiu quando mandou as contas [relacionadas com a sustentabilidade da Segurança Social] à Assembleia da República. Agora, vieram os dados certos do Centro de Estudos da Segurança Social [no âmbito da proposta do Orçamento do Estado para 2023] e os dados mostram que as receitas da Segurança Social estão mais dois mil milhões de euros acima do que se esperava”, afirmou Catarina Martins, que falava aos jornalistas após uma reunião com a Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRe!), em Coimbra.

Para a coordenadora bloquista, quando o Governo “disse que precisava mesmo de poupar mil milhões de euros das pensões”, justificando assim o corte previsto na atualização para 2023, “é mentira”.

O Governo, frisou, “tem receitas de mais dois milhões de euros, mais do dobro do que precisa para poder atualizar à inflação todas as pensões”, tal como está previsto na lei.

“Portanto, não há nenhuma razão para que os pensionistas não tenham a pensão a que têm direito, atualizada pela inflação, para que não empobreçam a cada mês que passa, como tem acontecido”, defendeu.

Nesse sentido, Catarina Martins disse esperar que o Governo “peça desculpa por ter dito que precisava de cortar as pensões por causa das contas da Segurança Social" e que recue na medida.

“Nós achamos que o Governo deve recuar”, vincou, sublinhando que os números avançados há cerca de um mês em relação à Segurança Social não passaram “de um truque para justificar o injustificável, que é empobrecer os pensionistas”.

Catarina Martins reafirmou que a quebra de poder compra face a uma atualização de salários e pensões abaixo da inflação terá “como único efeito empobrecer a população portuguesa”.

Sobre a generalidade da proposta do Orçamento do Estado para 2023, a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) referiu que este é um documento “desequilibrado” que, ao mesmo tempo que leva a uma perda de poder de compra dos trabalhadores e pensionistas, prevê “uma borla fiscal para as grandes empresas e para a banca”.

Catarina Martins assegurou que o Bloco de Esquerda não deixará de fazer propostas em sede de discussão do Orçamento do Estado, mas recusa um voto favorável.

“O que acham de um Orçamento que dá borlas fiscais gigantescas às maiores empresas, que cria uma espécie de paraíso fiscal para ricos que queiram vir para o nosso país, ao mesmo tempo que quem vive do seu salário e da sua pensão tem perda de poder compra? Como pode votar um partido que defende quem vive do seu trabalho?”, questionou.

Questionada sobre se este é um Orçamento de direita, Catarina Martins recordou as palavras do atual primeiro-ministro, António Costa, quando se candidatava a secretário-geral do PS: “Quem pensa como a direita, acaba a governar como a direita”.

“Acho que talvez seja um bom tempo para fazer essa reflexão”, notou.

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