Os jogadores alemães foram proibidos de usar a braçadeira em causa no relvado. Fora dele surgiu uma das imagens mais simbólicas deste mundial
Seleções e países foram avançando na tentativa de demonstrarem o seu desagrado com o desrespeito pelos direitos humanos no Catar. Acabaram todas por ceder, em grande parte por culpa da FIFA, que continua a considerar alguns gestos "políticos". Foi nesse sentido que foi proibida a braçadeira “One Love”, que vários capitães de seleções que estão a participar no Campeonato do Mundo queriam usar para apoiarem a causa LGBTQI+, voltando atrás quando souberam que isso ia resultar em sanções.
Sem poder dar o exemplo como instituição desportiva, a Alemanha decidiu deixar a sua mensagem na mesma e através de uma figura política. A ministra do Interior, Nancy Faeser, utilizou essa mesma braçadeira durante o jogo entre o seu país e o Japão, não a retirando nem mesmo quando o presidente da FIFA, Gianni Infantino, se sentou ao seu lado.
#OneLove pic.twitter.com/L5itnDJcsI
— Nancy Faeser (@NancyFaeser) November 23, 2022
O presidente da FIFA acusou o Ocidente de "hipocrisia" pelas críticas recentes à organização do Mundial, já depois de ter enviado uma carta a todas as federações a pedir que se focassem no futebol.
"Depois do que fizemos nos últimos três mil anos, nós europeus devíamos pedir desculpa pelos próximos três mil anos, antes de começar a dar lições de moral a alguém", afirmou Infantino, numa conferência de imprensa em Doha, na qual atirou a seguinte frase: "Hoje sinto-me catari. Sinto-me árabe. Sinto-me africano. Sinto-me gay. Sinto-me deficiente. Hoje, sinto-me como um trabalhador migrante". Depois, a instituição que dirige sentiu-se com vontade de proibir a utilização da braçadeira One Love.
Nancy Faeser, que está a representar o executivo alemão no Catar, já tinha dado o mote antes do jogo: “Nos tempos atuais é incompreensível que a FIFA não queira que as pessoas lutem abertamente pela tolerância e contra a discriminação”, disse, num evento organizado pela federação de futebol da Alemanha em Doha.
Depois de se saber que haveria punições para os atletas que utilizassem a braçadeira, Nancy Faeser tinha manifestado o seu descontentamento, falando num “enorme erro” por parte da mais alta instituição do futebol.
Quanto aos jogadores da Alemanha, não podendo utilizar a braçadeira de capitão, optaram por tapar a boca na fotografia oficial de jogo, numa imagem que a federação aproveitou para dizer que "esta não é uma mensagem política: os direitos humanos não são negociáveis".
Wir wollten mit unserer Kapitänsbinde ein Zeichen setzen für Werte, die wir in der Nationalmannschaft leben: Vielfalt und gegenseitiger Respekt. Gemeinsam mit anderen Nationen laut sein. Es geht dabei nicht um eine politische Botschaft: Menschenrechte sind nicht verhandelbar. 1/2 pic.twitter.com/v9ngfv0ShW
— DFB-Team (@DFB_Team) November 23, 2022