Carros usados, o novo luxo em Portugal: mais caros - porquê?

9 ago 2022, 10:59
Trânsito

REVISTA DE IMPRENSA Gestoras de frotas têm optado pelo prolongamento dos contratos. Mercado dos seminovos ressente-se

A falta de carros novos está a aumentar os preços e as vendas dos usados, avança o Diário de Notícias esta terça-feira.

Ao Dinheiro Vivo, suplemento deste jornal, o secretário-geral da Associação Nacional das Empresas do Comércio e Reparação Automóvel (ANECRA), Roberto Gaspar, afirma que “as gestoras de frotas estão a prolongar constantemente os prazos com os seus clientes porque não têm carros novos para substituição, por isso propõem renovar por mais um ano. E, nalguns casos, estão a utilizar uma nova figura: um novo contrato de renting [aluguer de veículos de longa duração] sobre carros com idade até três anos, chegando até a fazer dois ou três contratos com o mesmo automóvel".

O dirigente avança ainda que estes contratos eram pouco habituais e que o mercado de seminovos, muito alimentado pelas gestoras, se está a ressentir desta escassez. Roberto Gaspar diz também que o poder está agora do lado dos fabricantes. "É a lei do mercado a funcionar: quando havia muita oferta, estes operadores tinham mais poder negocial, porque compravam em quantidade e conseguiam assim bons descontos. Agora, que há mais procura, são os fabricantes que ditam as regras. Há casos de algumas marcas que cancelam encomendas das gestoras de frotas, que, se quiserem fazer um novo contrato, pagam preços mais elevados", afirma ao Dinheiro Vivo.

Por seu turno, Luís Augusto, presidente da Associação do Leasing, Factoring e Renting (ALF), afirma ao jornal que "as empresas têm encontrado no prolongamento da vigência dos contratos uma solução de mobilidade para os seus clientes, apesar de esta medida tender a repercutir-se num agravamento de custos para as empresas de renting, devido à manutenção das viaturas em circulação".

"Para encontrar soluções para a substituição do automóvel, também têm sido propostas marcas e modelos alternativos, nomeadamente de veículos elétricos. Esta adaptação às novas condições do mercado significa um esforço acrescido, mas o resultado verificado, com um parque circulante já superior ao de 2019, valida as estratégias adotadas", explica.

A atual escassez de automóveis novos no mercado começou na fase inicial da pandemia, quando as restrições impostas levaram à falta de alguns componentes necessários para o fabrico de viaturas, principalmente de semicondutores. Estes componentes são na sua maioria fabricados em países e territórios asiáticos, como é o caso da ilha de Taiwan, da Coreia do Sul e do Japão, que impuseram algumas das mais limitativas medidas anticovid em todo o mundo.

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