Presidente da Câmara de Lisboa lamenta, por outro lado, "a guerra política" da oposição: "Os lisboetas não percebem" esse comportamento, afirma
Em entrevista ao Diário de Notícias, o social-democrata faz um balanço positivo do seu mandato, mas acusa a oposição de "birra" e de impactar algumas decisões. "Olho para estes três anos com o sentimento de que realizei muito mais do que aquilo que eu pensava que poderia realizar em minoria. Também há muitas frustrações de coisas que não aconteceram por bloqueio da oposição e que eu penso que no próximo ano ainda se vai acentuar devido à guerra política, que eu acho que é mau para a oposição porque os lisboetas não percebem isso", diz Carlos Moedas.
Embora diga que os níveis de criminalidade aumentaram na cidade, Carlos Moedas defende que Lisboa "continua a ser uma cidade segura". Mas "hoje está provado que há mais crime e muitas pessoas acabam por não fazer queixa", diz, embora não apresente nem provas ou casos concretos. "Eu estou muito preocupado mas sem querer preocupar as pessoas."
O autarca é contra o fecho de esquadras - e quer mais duas ou, pelo menos, "um sítio onde a polícia possa estar", estando já no papel dois espaços, um na Praça da Alegria e outro na Mouraria -, mas diz que faltam polícias nas ruas. "Pedi mais 200 polícias municipais e só recebi 25", lamenta. "Tenho lutado muito para esta mudança da segurança. Por exemplo, em termos de habitação já consegui arranjar 40 lugares para polícias viverem em Lisboa, até nos nossos bairros municipais. Em cada concurso que abro tento dar lugar à polícia, porque eles têm salários muito baixos e precisam de sítios para viver."
Na entrevista ao DN, Moedas fala ainda de videovigilância, adiantando que tem "200 câmaras" para colocar pela cidade, sobretudo no Cais do Sodré e no Campo das Cebolas. Para o autarca, a videovigilância tem um efeito "dissuasor" e "é importante para se ir buscar provas se aconteceu alguma coisa".
"A polícia tem de multar"
A mobilidade foi também tema de conversa nesta entrevista, sendo apontado pelos habitantes como um dos principais calcanhares de Aquiles de Lisboa. E, sobre isto, Carlos Moedas admite a necessidade de melhorias. O autarca assume-se um "cliente muito chato" da Carris, mesmo que só use a rede de transportes uma vez por semana - "às sextas-feiras venho sempre de autocarro". Há constrangimentos na circulação dos autocarros, diz, mas garante que - depois de estar "sempre a insistir" - vai "aumentar o número de corredores de bus", assim como a fiscalização, "porque as pessoas andam no corredor bus, não cumprem com a lei e a polícia tem de multar".
O autarca descarta, porém, a necessidade de aumentar a frota da Carris (prefere melhorar, "vamos ficar com uma frota com 80% ou mais de veículos amigos do ambiente"), vincando a necessidade de mais faixas para autocarros nas estradas. "Temos é de aumentar os corredores bus", evitando que os veículos da Carris fiquem parados no trânsito. "Temos também de aumentar a frequência de autocarros, porque noutros países vê-se mais autocarros a passar."
Quanto ao plano geral de drenagem de Lisboa, diz assim: "Penso que tenho a população do meu lado, mas obviamente é uma obra que nunca ninguém vai ver porque ela é enterrada. Vamos ver quando não tivermos cheias". Moedas destaca ainda o passe cultura e o "plano de saúde, em que já temos quase 13 mil pessoas, com as clínicas que começámos a fazer, que mudam realmente a vida das pessoas". Moedas admite dificuldades no que toca à habitação, mas mantém-se convicto na construção de novos prédios e no uso de habitações vazias, assegurando que tem entregado "30 casas todos os 15 dias".
Sobre a Jornada Mundial da Juventude, que se realizou há um ano, Moedas garante que "houve, de facto, um impacto económico muitíssimo relevante na cidade de Lisboa", citando um estudo do ISEG, "que é uma universidade completamente independente - eu não tenho contatos nenhuns no ISEG". Indica que houve "290 milhões de euros de retorno económico e 10 mil empregos criados".
E quanto a recandidatura à presidência da Câmara, Carlos Moedas não faz anúncios nem traça cenários para o futuro. "Há políticos que estão sempre a pensar o que é que vão ser a seguir. Eu, neste momento, estou focalizadíssimo e portanto não vou nem fazer anúncios, nem dos próximos anos, nem nada."