A primeira semana de Carlos III: as malas vermelhas, a manifestação, o monograma, as visitas e os livros polémicos 

27 set 2022, 19:28
Rei Carlos III

Rei manteve-se em silêncio sobre os temas polémicos, da crise económica aos livros que podem abalar a solidez da monarquia britânica. Mostrou que já está a trabalhar e a família desdobrou-se em visitas

Pode não parecer, mas só esta terça-feira, a família real britânica saiu oficialmente do período de luto após a morte de Isabel II, como fizeram questão de assinalar na página de Instagram Royal Family, que é agora a conta onde se podem seguir todos os passos dos membros da família real. Da família real que trabalha, entenda-se. 

Por aqui já se viu Edward, conde de Wessex, de uniforme, a visitar tropas na Estónia e Alemanha, e também a princesa Anne em compromissos oficiais, mas, sobretudo, foi possível ver o rei Carlos III com as mãos na massa, isto é, manuseando as famosas malas vermelhas que contêm a correspondência entre o monarca e o governo britânico. “As malas vermelhas contêm documentos de ministros do governo do Reino Unido, de outros domínios e de representantes da Commonwealth. São enviados pelo gabinete do secretário privado ao rei, onde quer que ele esteja”, diz a legenda que acompanha a fotografia.

É a primeira mudança visível no trabalho e no estilo de Carlos III - mais aberto aos meios de comunicação, redes sociais incluídas. E chega com um pouco de história à mistura, e garantias de continuidade: “Sua Majestade a rainha Isabel II recebeu malas vermelhas, que foram feitas após a sua coroação em 1953, quase todos os dias do seu reinado, incluindo fins de semana e férias, mas excluindo o dia de Natal.”

O que estaria dentro da mala que Carlos III consultou? Não se sabe. Mas depois do funeral de Isabel II em Windsor, na terça-feira, dia 20, o Reino Unido acordou, de novo, para a crise do custo de vida em que vive. Acabaram-se as manchetes sobre a rainha e as atenções viraram-se para outra estreante, a primeira-ministra Liz Truss, a enfrentar a fúria dos mercados depois dos cortes de impostos anunciados na sexta-feira. O rei manteve-se em silêncio - como Isabel II faria. 

Tal como se manteve calado sobre as manifestações contra a monarquia que esta semana aconteceram na Austrália, onde se gritou pela abolição. O reinado de Carlos III começa marcado pelo debate sobre colonialismo, escravatura e o papel do Reino Unido e do império britânico. 

O outro assunto que é tratado como se só existisse fora dos muros do Palácio de Buckingham são os vários livros que só esperavam a confirmação da morte da rainha para terem data de publicação, e são muitos. 

Uma das publicações afirma que o príncipe Andrew fez tudo, junto de Isabel II, para que Camila não fosse rainha. Falhou! E continua proscrito após as acusações de comportamento inadequado com uma menor nos EUA e ligações com o milionário Jeffrey Epstein. 

Outro livro, “Courtiers: The Hidden Power Behind the Crown”, de Valentine Low, garante que Meghan Markle acreditava que ia ser a “Beyoncé do Reino Unido”, enquanto a obra “The New Royals – Queen Elizabeth’s Legacy and the Future of the Crown”, de Katie Nicholl, diz que William e Catherine se sentiam ameaçados pela atenção dispensada a Meghan Markle, que levava toda a sua experiência como atriz de televisão para os encontros com os apoiantes da monarquia. Sentiam que tinham de “elevar a fasquia”.  

Esta semana, os futuros rei e rainha correram em pista paralela ao rei - esta terça-feira, marcando o fim do luto, voltaram ao local onde viveram após o casamento, Anglesey, no País de Gales, a fazer pendant com novos títulos (e apesar das 35 mil assinaturas na petição para que deixem de usar esta designação).

 

Mas em matéria de livros, a obra realmente esperada, e a sombra que paira sobre a casa real britânica, é a biografia autorizada do príncipe Harry. O livro é editado pela Penguin Random House e tinha lançamento previsto para o final do ano. Desde o dia 8 de setembro, data em que Isabel II morreu e Carlos se tornou rei, apenas duas perguntas se fazem: será adiada a sua publicação? Chegará a ver a luz? Continuam sem resposta, mas Katie Nicholl assegura que Carlos III está à espera do seu conteúdo para decidir sobre os títulos reais dos filhos de Harry e Meghan.

Uma coisa sabe-se para já, os Sussex estarão ausentes da conta oficial de Instagram da família real enquanto “continuam a construir as suas vidas no estrangeiro”, como disse o rei no primeiro discurso.

Por estes dias, o rei apresentou oficialmente o seu monograma e foi confirmado pela Casa da Moeda britânica que as libras com o rosto de Carlos III serão emitidas a breve trecho, enquanto é delineada a cerimónia da sua coroação. E também foi anunciado o nome do primeiro cavalo de corrida a correr em nome da coroa britânica, Educator.

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