Advogado do ex-presidente da região da Catalunha promete mais explicações para breve, sem revelar o paradeiro do cliente
Carles Puigdemont está "são, salvo e, sobretudo, livre". Numa breve publicação na rede social X, Lluís Llach, conhecido separatista catalão, garantiu que o ex-presidente do governo regional da Catalunha está bem, depois de as autoridades espanholas terem lançado uma autêntica caça ao homem quando se aperceberam que o homem estava no país.
El President Puigdemont m'ha demanat que us notifiqui que està sa, estalvi i, sobretot, LLIURE. Bona nit.
— Lluís Llach (@lluis_llach) August 8, 2024
Lluís Llach, também ele um ativista pela independência da região, transmitiu aquela que é a primeira mensagem de Puigdemont, garantindo que foi o próprio a pedir-lhe que transmitisse estas palavras.
Confirma-se, assim, que a "Operação Jaula", movida de imediato pelas autoridades espanholas e que esteve em curso durante mais de quatro horas, acabou sem sucesso, uma vez que o homem procurado, que fugiu de Espanha há sete anos, voltou a conseguir escapar.
Palavras um pouco mais concretas do que as do advogado de Puigdemont, que tinha dito à TV3 que o líder do Junts "foi para casa", onde tem o seu "posto de trabalho", sem se perceber exatamente o que quer isso dizer, até porque Gonzalo Boye não confirmou e o seu cliente está em Espanha, França, Bélgica ou noutro país.
De resto, e ainda segundo o homem que continua a preparar a defesa do catalão, será o próprio independentista a dar mais explicações em breve.
Boye foi uma das pessoas presentes no discurso de Puigdemont junto ao Arco do Triunfo de Barcelona, um dos monumentos mais icónicos da cidade, e que o Junts, como outras entidades independentistas, escolheram para um comício à margem da investidura de Salvador Illa, eleito pelos socialistas.
Depois de um breve discurso nesse mesmo local, Puigdemont desapareceu do nada, conseguindo mesmo fugir às autoridades, causando embaraço nas forças de segurança espanholas.
Falha na detenção
A polícia da Catalunha garantiu que tentou deter o dirigente independentista nas ruas de Barcelona, mas não conseguiu porque a prioridade foi evitar distúrbios, sublinhando que o político estava rodeado por milhares de pessoas e autoridades.
Face às críticas de que está a ser alvo, a polícia catalã divulgou um comunicado em que nega qualquer "acordo ou conversação prévios" com Puigdemont, que foi visto em Espanha pela primeira vez desde 2017, quando saiu do país para fugir à justiça.
A polícia assegura que ativou um dispositivo considerado proporcional para evitar desordens públicas, atendendo ao anunciado regresso de Puigdemont a Espanha, mas também, em simultâneo, para garantir a segurança da sessão de investidura do novo presidente do governo regional que está a decorrer no parlamento autonómico.
Os Mossos sublinham que a segurança e a normalidade da sessão parlamentar foi a prioridade.
Segundo a polícia catalã, o dispositivo de segurança foi assim delineado para a detenção de Puigdemont ocorrer "de forma proporcionada e no momento mais oportuno para não gerar desordens públicas".
"Os Mossos d'Esquadra desmentem que tenha sido feito qualquer acordo ou conversação prévios" com Carles Puigdemont ou as pessoas próximas do antigo presidente regional, lê-se ainda no mesmo comunicado.
A polícia realça que Puigdemont, depois de ter subido a um palco instalado na zona do Arco do Triunfo de Barcelona e de ter falado a cerca de 4.500 pessoas que estavam no local, iniciou uma marcha "protegido por várias autoridades do país e rodeado pelas pessoas concentradas", em direção "à porta principal do parque da Cidadela", onde se localiza o parlamento catalão, mas nesse momento entrou num carro, "aproveitando o número de pessoas que o rodeavam".
Os Mossos "tentaram detê-lo, mas não conseguiram", garante a polícia.
Depois de Puigdemont ter escapado deste local, a polícia ativou um dispositivo ("Operação Jaula"), focado no controlo de estradas, para tentar localizar Puigdemont.
Este dispositivo foi desativado após quatro horas, sem resultados, continuando Puigdemont em paradeiro desconhecido.
Na sequência da nova fuga de Puigdemont foram detidos dois agentes dos Mossos d'Esquadra, ambos suspeitos de auxiliarem o ex-presidente da Catalunha a escapar. Um deles, o dono do carro utilizado na fuga, foi interrogado e já está em liberdade condicional.