Homem que tinha arma e ameaçou Pelosi condenado a mais de sete anos por invasão ao Capitólio

CNN Portugal , FMC
1 ago 2022, 23:48
Guy Wesley Reffitt durante a sessão de julgamento pela invasão ao Capitólio (Dana Verkourteren7AP)

Ameaçou os filhos para que não contassem nada do que se passou e disse querer arrastar Pelosi para fora do Capitólio "com a cabeça a bater em cada degrau"

Um homem do Texas, Guy Reffitt, que invadiu o Capitólio dos Estados Unidos, a 6 de janeiro de 2021, foi, esta segunda-feira, condenado a sete anos e três meses, a mais longa pena imposta até agora entre as centenas de casos em julgamento.

Guy Reffitt esteve no motim apetrechado com uma pistola Smith & Wesson, um colete à prova de bala, algemas de fecho e um capacete que tinha uma câmara incorporada e foi considerado culpado, em março passado. Da acusação constava obstrução da sessão do Congresso, interferência na ação dos agentes da polícia fora do Capitólio e ameaça aos próprios filhos, noticiou a Associated Press.

Preso há 19 meses, foi o primeiro dos atacantes a ser julgado e condenado por todas as acusações.  

Reffitt, pertencia ao grupo anti-governamental de extrema-direita “Texas Three Percenters”, que pretendia retirar e substituir fisicamente os membros do Congresso, ao arrastar os legisladores e assumir o Congresso de forma a impedir a certificação do Colégio Editorial. 

Segundo foi indicado pela acusação, Reffitt, anunciou aos colegas da milícia que pretendia arrastar a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, pelos tornozelos para fora do edifício "com a cabeça a bater a cada degrau".   

No dia fatídico, Guy Reffitt, que vivia com a mulher e os filhos em Wylie, no Texas, conduziu, juntamente com outro membro do grupo, Rocky Hardiem, até Washington D.C., estando ambos equipados com uma pistola de coldre.

A acusação sustentou-se, entre outras provas, no testemunho de Hardiem, que confirmou que ambos estavam armados quando assistiram ao comício "Stop the Steal" do então presidente Donald Trump..  

Também o depoimento do filho Jackson, de 19 anos, foi fundamental. Como contou ao tribunal, depois da insurreição, Reffitt ameaçou-o e à irmã caso o denunciassem, afirmando que seriam traidores e avisando-os que “os traidores são baleados”.  

O réu não testemunhou durante o julgamento antes dos jurados o condenarem.  

Esta é a pena, até ao momento, mais longa atribuída, superando por dois anos, a segunda maior. Ainda é assim, é inferior do que tinha sido solicitado pelo procurador federal, que tinha pedido uma pena de prisão de 15 anos por considerar que o arguido era um “terrorista doméstico”.  

"Reffitt procurou não só impedir o Congresso, mas também atacar fisicamente, remover e substituir os legisladores que estavam a servir no Congresso", escreveram os procuradores. 

"Guy Reffitt veio ao Capitólio em 6 de Janeiro armado e determinado a instigar a violência", disse o Procurador Matthew M. Graves, numa declaração escrita. "Nas suas próprias palavras, o seu objetivo era tomar o Capitólio 'antes que o dia acabasse'.” Graves afirmou que o "veredicto do júri e a sentença de hoje o responsabilizam pela sua conduta violenta e inconsciente". 

O texano aparece em vídeos de 6 de janeiro de 2021 que mostram o confronto da multidão com os polícias que protegiam o Capitólio. Recuou quando foi atingido por gás pimenta, contudo tal não o demoveu dos seus objetivos e instigou a que outros ultrapassassem a barreira.  

Antes desse momento, Reffitt já tinha usado um megafone para exortar a polícia a afastar-se. O procurador-adjunto dos Estados Unidos, Jeffrey Nestler, afirmou que Reffitt desempenhou um papel de liderança nesse dia, facto considerado também pela juíza. 

Por outro lado, a defesa concretizada por Clinton Broden, argumentou que a pena não deveria superar os dois anos de prisão, uma vez que, e segundo Broden, Reffitt não agrediu nenhuma autoridade nem chegou a entrar no edifício. 

Além da pena de prisão, a juíza Dabney Friedrich determinou a que o arguido será supervisionado pelo tribunal depois de sair da prisão e ordenou que pagasse uma indemnização de dois mil dólares (quase dois mil euros).   

A maior sentença antes desta era de cinco anos e três meses e foi atribuída a dois homens que se declaram culpados por agressão a agentes da polícia no Capitólio. 

Mais de 840 pessoas foram acusadas de crimes federais relacionados com o motim. Mais de 340 delas declararam-se culpadas, na sua maioria por delitos. Mais de 220 foram condenadas, tendo quase metade delas sido condenadas a penas de prisão. Aproximadamente 150 outros têm datas de julgamento que se estendem até 2023.  

Reffitt é um dos sete arguidos da insurreição a obter um julgamento do júri até agora. Os jurados condenaram todos os sete por unanimidade, em todas as acusações.  

O motim resultou na morte de cinco pessoas, incluindo um agente da polícia. Mais de 100 agentes foram feridos. A invasão causou ainda, danos ao Capitólio de mais de um milhão de dólares (cerca de 977 mil euros). 

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