Investigadores portugueses testam nanopartículas de ouro com potencial no tratamento do cancro

Agência Lusa , MM
8 jun 2023, 09:29
Rastreio Oncológico (Associated Press)

O objetivo é desenvolver tratamentos menos invasivos, com menos efeitos secundários e que não afetem as células saudáveis

Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) estão a produzir, otimizar e testar nanopartículas de ouro com potencial no tratamento do cancro, ao serem utilizadas no reforço da fototerapia e radioterapia, foi anunciado esta quinta-feira.

Em comunicado, a FCUP esclarece que os investigadores do Instituto de Física de Materiais Avançados, Nanotecnologia e Fotónica (IFIMUP), sediado nas instalações, vão usar nanopartículas de ouro para reforçar a fototerapia e radioterapia.

O objetivo da equipa do IFIMUP é desenvolver tratamentos menos invasivos, com menos efeitos secundários e que não afetem as células saudáveis.

Citado no comunicado, o investigador João Horta Belo esclarece que as nanopartículas são "biocompatíveis e agentes fototérmicos", isto é, são capazes de gerar calor devido à absorção da radiação eletromagnética e "causar a morte das células cancerígenas por hipertermia".

"Para além disso, são radiossensíveis e, no nosso corpo, funcionam como nano antenas, multiplicando o sinal da radiação do tipo raio x", salienta.

Para já, o objetivo dos investigador é explorar o potencial destas nanopartículas na fototerapia, tendo já iniciado um estudo com laser contínuo.

"As nanopartículas podem ter diferentes formas - esféricas, em fio ou estrela - que absorvem a luz em diferentes comprimentos de onda. Podemos controlar a morfologia destas nanopartículas de forma a absorverem mais luz próxima da região do infravermelho, para que mais energia passe da pele até às nanopartículas. Quanto maior for a energia absorvida por estas nanopartículas, maior o calor que vão libertar para eliminarem as células tumorais", esclarece João Horta Belo.

A investigação permitiu assim demonstrar que é possível otimizar as condições experimentais de forma que as nanopartículas absorvam o máximo de energia, produzam mais calor, aquecendo e eliminando as células cancerígenas.

O trabalho insere-se num estudo mais amplo assente no uso das nanotecnologias para o diagnóstico e deteção do cancro e que originou colaborações entre a FCUP, a Fundação Champalimaud, em Lisboa, e o Hospital Gregório Maranhão, em Madrid.

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