Cancro da mama, colo do útero, cólon e reto: número de rastreios continua aquém dos níveis pré-pandemia

Agência Lusa , NM
21 abr 2022, 00:07
Mamografia

Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares lamenta ainda que em fevereiro ainda houvesse 1,2 milhões de utentes sem médico de família, o número mais elevado pelo menos desde 2016

O número de mulheres que realizaram mamografia aumentou nos dois primeiros meses do ano, ao contrário do que aconteceu no caso do rastreio do cancro do colo do útero, segundo dados esta quarta-feira divulgados na Convenção Nacional da Saúde.

“Se compararmos dezembro de 2019 com dezembro de 2021 no rastreio do cancro da mama verificamos que há uma redução de 146 mil mulheres, mas em janeiro e fevereiro deste ano começa a existir uma recuperação do número de mulheres com o rastreio atualizado”, totalizando 83.906, disse o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH).

Pelo contrário, no caso do rastreio do cancro do colo do útero observou-se no final de 2021 uma redução de 175 mil mulheres sem o programa de rastreio atualizado e no início deste ano, comparando com janeiro e fevereiro de 2019 e 2020, há uma quebra de 77.292 mulheres, salientou Alexandre Lourenço.

No caso do rastreio de cancro do cólon e reto, apesar de entre o final de 2019 e o final 2021 se ter observado uma redução de cerca de 81 mil utentes com rastreio realizado, registou-se “uma melhoria substantiva em janeiro e fevereiro deste ano”.

1,2 milhões de utentes continuam sem médico de família

Alexandre Lourenço realçou o facto de ter havido “alguma recuperação” dos cuidados de saúde hospitalares, mas lamentou que em fevereiro ainda houvesse 1,2 milhões de utentes sem médico de família, o número mais elevado pelo menos desde 2016, sendo as áreas com maior impacto a Grande Lisboa e o Algarve.

O presidente da APAH assinalou o facto de continuar a haver “um número inferior de referenciações” para os hospitais, considerando que “não é de admirar, pelo facto de grande parte das consultas nos cuidados de saúde primários serem feitas através de consultas não presenciais, o que não permite um diagnóstico e uma referenciação adequada dos doentes”.

“Na prática, continuamos a verificar que a ligação entre os cuidados de saúde primários e os cuidados hospitalares continua sem funcionar”, lamentou na convenção que decorreu esta quarta-feira na Ordem dos Médicos, em Lisboa, com o tema “Saúde, Prioridades para Legislatura 2022-2026”

Alexandre Lourenço alertou que “um diferencial enorme entre o número de pedidos de consultas e o número de consultas realizadas vai levar, na prática, a tempos muito elevados de espera para primeira consulta”.

“Uma mediana de 100 dias para ter uma consulta hospitalar quer dizer que 50% dos doentes esperaram mais de 100 dias para ter uma consulta hospitalar”, observou.

Fazendo uma análise da atividade cirúrgica, o responsável salientou a recuperação das cirurgias programadas, o que não aconteceu nas cirurgias urgentes.

Para Alexandre Lourenço, o mais relevante é o tempo de espera para a realização de uma cirurgia. “A mediana de tempo de espera para cirurgia em Portugal continua a crescer”, afirmou.

Em 2020, no primeiro ano de pandemia, chegou a ter um tempo de espera de 3,5 meses, sendo que em 2021 foi possível uma recuperação para 3,2 meses, mas “ainda é um tempo exagerado”, disse, defendendo ser “importante encontrar soluções para resolver e para mitigar” este tempo de espera.

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