Sanjoanense acusa árbitro de insulto racista: APAF nega, caso na GNR

10 mai 2021, 12:19
George Matlou (AD Sanjoanense)

George Matlou foi expulso, pediu explicações a Nelson Cunha e alegou depois ter sido insultado por este. GNR recolheu queixa. Árbitro nega, diz a APAF

A AD Sanjoanense acusou o árbitro Nelson Cunha de insultos racistas para com o futebolista sul-africano George Matlou, no final do encontro dos alvinegros ante o São João de Ver, no domingo, a contar para a terceira jornada da fase de acesso à Liga 3.

Matlou, que entrou aos 73 minutos de jogo, foi expulso já nos instantes finais do encontro realizado em São João de Ver, que terminou com vitória da equipa da casa, por 2-1.

Segundo a Sanjoanense, George Matlou «dirigiu-se ao árbitro Nélson Cunha no final da partida para questionar o porquê de ter sido expulso, ao que este lhe respondeu: “no speak english [não falo inglês], vai lá para dentro macaquinho do c***”. Em comunicado, via rede social Facebook, o clube de São João da Madeira manifestou a sua «profunda indignação e repúdio para com os acontecimentos» e que vai pugnar «pelo apuramento dos factos e penalização exemplar do referido juiz».

Nélson Cunha, contactado pelo Maisfutebol, remeteu explicações para os organismos oficiais da arbitragem.

A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) disse ao nosso jornal que já falou com o juiz da AF Viana do Castelo e que este «negou» ter proferido as palavras em causa.

«A APAF já falou com o árbitro e também com a autoridade máxima que estava no jogo e que acompanhou o árbitro desde que supostamente isto aconteceu até ao balneário. A agente mais graduada ao jogo escreveu no relatório policial que não é verdade, que não ouviu nada e que, para ela, este episódio não aconteceu. É a testemunha ocular mais bem posicionada no momento», disse o responsável da comunicação da APAF, Pedro Abelha, ao Maisfutebol, acrescentando que se está a trabalhar no «apuramento da verdade».

«Trabalhamos em prol da defesa do árbitro, mas também do jogo. Não estávamos lá, aquilo é feito por testemunhas, então nós estamos a trabalhar nisto da forma mais correta possível para que toda a gente se sinta com sentido de justiça a ser feito, porque a questão do racismo é séria. Partimos do princípio de que não foi dito isto, é esta a nossa posição», acrescentou.

Fonte do comando territorial da GNR de Aveiro, num esclarecimento prestado esta manhã ao nosso jornal, disse que o jogador da Sanjoanense fez queixa às autoridades presentes no estádio e que as palavras em causa estão a ser apuradas: «Um dos jogadores dirigiu-se aos militares presentes no jogo e referiu que o árbitro tinha dirigido algumas palavras de natureza racista. Face a isso, a GNR esta a fazer a elaboração do expediente».

O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol deve abrir um processo de averiguações ao caso.

Sanjoanense e São João de Ver integram a série 3 da fase de acesso à Liga 3. Nesta altura, a equipa de Santa Maria da Feira ocupa o segundo lugar, em posição de apuramento, com cinco pontos. A Sanjoanense é terceira, com três.

O Maisfutebol tentou ainda ouvir o presidente do Conselho de Arbitragem da AF Viana do Castelo, Fernando Costa Lima, mas sem sucesso até à publicação desta notícia.

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