Dermatologista alerta para riscos de queimaduras, escaldões e desidratação nos primeiros dias de sol. Roupas novas, cremes antigos e falta de hidratação podem ser armadilhas
Com a subida das temperaturas, muitos portugueses preparam-se para aproveitar o sol. Mas, sem os devidos cuidados, os dias de calor podem terminar com escaldões, insolações e até idas ao hospital.
Em entrevista ao Diário da Manhã, da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal), a dermatologista Alexandra Osório alerta que "os protetores solares do ano passado não devem ser reutilizados", até porque, mesmo fechados, os cremes podem sofrer alterações químicas, perdendo eficácia e provocando reações adversas na pele, como alergias ao sol.
“Os cremes que apanharam o sol têm alterações químicas dentro da própria embalagem e, portanto, podem, além de provocar alergias ao sol, perder eficácia. Os protetores solares devem ser usados na SPF 50+, devem ser utilizados e posto 30 minutos antes da exposição solar”, recomenda a médica.
Outro erro comum é usar roupa nova para o primeiro dia de praia. Pode parecer contraditório, mas roupa recém-comprada deixa passar mais radiação solar do que peças já usadas, porque a malha é mais solta.
“A malha permite a entrada das radiações solares e pode provocar-nos queimaduras solares debaixo da roupa. Portanto, eu o que recomendo é roupa colorida, já usada, para estarmos na exposição direta ao sol”, diz Alexandra Osório.
A especialista defende também o regresso em força de um acessório clássico e eficaz: o chapéu de palha, com aba larga, que protege rosto e nuca.
"Devíamos usar o chapéu de palha. Aliás, se nós formos ver em Espanha, como em Portugal também, em Sevilha, vendem-se chapéus de palha, que são bonitos. No México também se vendem chapéus de palha. E protegem o rosto com uma pala. A pala tem de ter mais ou menos a distância da nossa palma da mão, para proteger o rosto e a nuca."
Nem sempre nos lembramos, mas os pés e o couro cabeludo também queimam. Quem tem pouco cabelo ou está frequentemente ao ar livre deve usar protetores solares específicos para o couro cabeludo e o cabelo, para evitar queimaduras e envelhecimento precoce da pele.
Já os pés e ombros estão entre as zonas mais esquecidas na aplicação do protetor solar, sobretudo em atividades como passeios de barco, caminhadas ou desportos ao ar livre.
"Muitas vezes, na praia, pomos os pés na areia e, portanto, ficam protegidos de alguma forma das radiações solares. Se estivermos dentro de um barco, por exemplo, ou estivermos a festejar num barco ou num passeio, atenção aos ombros, à cara e aos pés também, são zonas mais sensíveis. Mais sensíveis e que nós não estamos habituados a proteger do sol", alerta, lembrando também que quem vai andar na rua, fazer uma caminhada ou corrida deve colocar protetor solar.
Outro alerta importante é o consumo regular de água, evitando bebidas alcoólicas e refrigerantes, que "não tiram a sede e até aumentam a desidratação".
“Quero chamar a atenção também que os idosos e as crianças não pedem a nossa ajuda, não pedem água. Devemos dar água e evitar os sumos, porque o sumo não tira a sede e dá mais sede ainda. Devemos evitar as bebidas alcoólicas e beber mais água. Recomendo sempre água - que pode ser chá, pode ser com frutos dentro. Podemos pôr um pau de canela para estimular o sabor da água e irmos bebendo água ao longo do dia”, sugere a dermatologista.
A especialista deixa ainda recomendações para quando as coisas não correm assim tão bem e se apanha um escaldão.
"Deve utilizar creme gordo, não tomar banho com água muito quente, creme gordo várias vezes todas as horas e eventualmente pôr gelo, mas não é contacto direto, refrescar um bocado a pele, descansar e beber muita água. Se realmente tiver febre, sentir-se nauseada/o e sentir-se mal, há uma sensação de mal.estar, tem de ir ao hospital para fazer um bocado de soro e para ser medicada/o."