Vem aí muito calor e "os próximos dias poderão agravar" a situação num SNS já pressionado

27 jun, 20:16
Miradouro de São Pedro de Alcântara, Lisboa (Armando Franca/AP)

Meteorologistas alertam para temperaturas extremas até 44 graus Celsius e noites tropicais este fim de semana

Portugal continental prepara-se para um dos fins de semana mais quentes do ano e a situação nos hospitais pode virar crítica. É que as unidades de saúde "já funcionam com vários constrangimentos" todos os dias, avisa a presidente da Comissão Executiva da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Joana Bordalo e Sá.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou 12 distritos em aviso laranja devido às temperaturas que poderão chegar aos 44 graus Celsius em alguns pontos do país, especialmente no sul, no vale do Tejo e no vale do Douro.

“Os hospitais no dia a dia já funcionam com vários constrangimentos, sobretudo provocados pela falta de recursos humanos e pela falta de investimento em infraestruturas. Os próximos dias poderão agravar ainda mais essa situação”, começa por alertar Joana Bordalo e Sá.

As zonas mais críticas coincidem com as mais afetadas pelas temperaturas extremas: Lisboa e Vale do Tejo, Algarve, Alentejo e o interior. Para a dirigente sindical, o problema é estrutural e político.

“Responsabilizamos Ana Paula Martins e o Ministério da Saúde, que não adotou nenhuma medida eficaz e não se precaveu para esta época mais crítica como o verão”, denuncia, sendo que a Direção-Geral da Saúde (DGS) e a Proteção Civil já vieram emitir vários alertas para o que pode ser um fim de semana totalmente tropical.

A falta de planeamento, segundo a FNAM, pode traduzir-se em sobrecargas ainda mais graves nos hospitais, num momento em que aumentam os casos de desidratação, exaustão térmica e agravamento de doenças crónicas.

“Somos poucos. É preciso tomar medidas estruturais mais a sério ou a situação poderá ficar ainda pior com a chegada do verão”, sublinha.

"Episódio de calor está a ser acompanhado em permanência"

À CNN Portugal, a Direção Executiva do SNS (DE-SNS) e a Direção-Geral da Saúde (DGS) asseguraram que todas as Unidades Locais de Saúde (ULS) e Institutos de Oncologia (IPO) “submeteram os Planos para a Resposta Sazonal em Saúde, onde são detalhados os cenários e as ações previstas de cada prestador de saúde”.

As autoridades garantem ainda que a atual situação de “episódio de calor” está a ser “acompanhada em permanência pela Equipa de Monitorização e Intervenção”, e defendem que foram reforçadas recomendações “junto das unidades prestadoras de Cuidados Continuados Integrados da Rede Nacional de Cuidados Continuados”.

Neste contexto, foram também reforçadas recomendações específicas dirigidas às unidades de Cuidados Continuados Integrados da Rede Nacional de Cuidados Continuados, com o objetivo de proteger os utentes mais vulneráveis.

Paralelamente, a Direção Executiva SNS apelou à população para reforçar as medidas de autoproteção contra o calor, sublinhando ainda a importância de intensificar a avaliação de risco a nível local, de modo a ajustar a resposta assistencial ao aumento previsível da procura durante a onda de calor.

"Os cidadãos são também parte da solução". Calor traz outro velho problema: os incêndios

Não é só o SNS que este fim de semana apresenta preocupações em Portugal. A vaga de calor traz também à tona o já habitual alerta para os incêndios florestais. Com 12 distritos em aviso laranja e temperaturas a rondar os 40 graus Celsius, os meios de combate estão em prontidão máxima.

Bombeiros, meios aéreos, GNR e sapadores florestais estarão, segundo Duarte Caldeira, investigador na área da Proteção Civil, “no seu máximo de disponibilidade desde esta esta sexta-feira e até segunda, com dispositivos terrestres e aéreos no seu pleno”.

Segundo o especialista, Portugal tem vindo a melhorar a resposta aos incêndios em situações de maior alerta. “O tempo de resolução de incêndios diminuiu substancialmente e o número de grandes incêndios tem vindo a reduzir”. Ainda assim, deixa o aviso: “Isso não significa que possamos baixar a guarda”.

O perigo continua a residir na configuração do território, marcada por zonas de alta densidade florestal junto a habitações. “Ainda temos zonas do país onde a florestação ocupa grandes áreas, nomeadamente perto de residências”, sublinha.

Caldeira deixa ainda um apelo aos cidadãos. “Os cidadãos são também parte da solução. Em dias com a previsão meteorológica como a que está a ser anunciada pelo IPMA é aconselhado que não se façam queimadas ou churrascos”.

“Este será um fim de semana em que não se deve arriscar ao fazer qualquer ação negligente que dê origem a um fogo e que coloque em risco o património ou vidas humanas”, defende, acrescentando que “cabe a cada cidadão o lazer com responsabilidade”.

Évora, Faro, Setúbal, Beja e Portalegre vão estar sob aviso laranja devido "à persistência de valores elevados da temperatura máxima", entre as 00:00 de sábado e as 17:00 de domingo, enquanto Bragança, Viseu, Guarda, Vila Real, Santarém, Lisboa e Castelo Branco, recebem o mesmo aviso, entre as 00:00 e as 17:00 de domingo.

Relacionados

Meteorologia

Mais Meteorologia
IOL Footer MIN