Já foram resgatados todos os 62 corpos dos destroços do aparelho que caiu numa zona residencial. As vítimas eram todas ocupantes do aparelho, que não atingiu ninguém em terra
A Força Aérea Brasileira divulgou, este sábado, imagens das caixas negras do avião da VoePass que caiu em Vinhedo, no estado de São Paulo, no Brasil, matando todos os 62 ocupantes. Os dispositivos chegaram este sábado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), da Força Aérea Brasileira (FAB), onde vão ser analisados.
A esperança é que a análise das caixas negras possa trazer alguma luz sobre as causas da queda da aeronave.
"Após a conclusão da Ação Inicial, em Vinhedo (SP), a investigação avançará para a fase de Análise de Dados. Neste estágio, serão examinadas as atividades relacionadas ao voo, o ambiente operacional e os fatores humanos, bem como um estudo pormenorizado de componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros", escreveu a FAB, num comunicado divulgado pela imprensa brasileira.
Os aviões como o que caiu em Vinhedo costumam ter duas caixas negras. Uma delas grava informações relativos ao voo, incluindo altitude e velocidade. A outra é o Cockpit Voice Recorder (CVR), que regista as conversas ocorridas dentro da cabine.
O CENIPA dia que não há prazo para o fim das investigações. O primeiro passo será a transcrição dos áudios do voo, que incluem a gravação do material de comunicação da cabine. O segundo é a análise dos dados registados pela outra caixa-preta.
Todos os corpos resgatados
O Corpo de Bombeiros de São Paulo já terminou, na última noite, o resgate das 62 vítimas da queda do avião. Este domingo, o Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo inicia os trabalhos de autópsia e identificação das vítimas, com a ajuda de peritos da Polícia Federal (PF). Um trabalho que pode levar vários dias, por causa do estado em que ficaram os corpos com o impacto da queda e com o fogo que se seguiu.
De acordo com a CNN Brasil, o velório das vítimas vai acontecer no Centro de Eventos de Cascavel, no Paraná, de onde o avião tinha partido. O local vai começar a ser preparado esta segunda-feira para a cerimónia. O município já fez saber que está em contacto com as famílias das vítimas para organizar o funeral.
Portuguesa entre as vítimas
Uma portuguesa está entre as vítimas mortais. A informação foi confirmada à agência Lusa fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que já apresentou condolências à família de Gracinda Marina Castelo da Silva. Trata-se de uma mulher de 48 anos, com dupla nacionalidade, que residia no Brasil, de acordo com informações da Secretaria de Estado das Comunidades à CNN Portugal.
O aparelho da companhia aérea VoePass caiu numa zona residencial, em Vinhedo, quando estava a oito minutos da hora prevista para aterragem em São Paulo.
Morreram todas as 62 pessoas que iam a bordo. De acordo com a prefeitura de Valinhos, onde ocorreu o acidente, todos os ocupantes, quatro tripulantes e 57 passageiros, morreram na sequência do acidente.
A companhia aérea VoePass, que operava o voo, tinha indicado inicialmente que o número de passageiros era 58, acabando mais tarde por corrigir para 61.
As autoridades de São Paulo confirmaram, entretanto, que uma das caixas negras do aparelho já foi recuperada. Será um objeto essencial à investigação.
Para o local foram também destacadas várias equipas médicas para reconhecimento dos corpos, sendo que, segundo secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, várias vítimas estão demasiado queimadas para uma identificação visual.
O avião fazia a ligação entre Cascavel, no estado do Paraná, e o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, tendo caído na cidade de Vinhedo, estado de São Paulo, ao que tudo indica, numa zona residencial.
A aeronave em causa é um ATR 72-500, que tem capacidade para 74 pessoas, incluindo 68 passageiros. A bordo iam, de acordo com o manifesto de voo, 61 pessoas, incluindo 57 passageiros e quatro tripulantes.
O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou três dias de luto nacional.