Cães identificam covid-19 de forma mais eficaz do que testes PCR, revela estudo

CNN Portugal , HCL
3 jun 2022, 11:39
Cães detetam covid-19

Caninos treinados detetaram o vírus em 97% dos casos sintomáticos e quase 100% dos casos assintomáticos. Estudo foi conduzido em Paris e já há países que adotaram o método de rastreio nos aeroportos

Os testes PCR que utilizam zaragatoas para detetar casos de covid-19 podem ser menos eficazes a identificar o coronavírus numa pessoa do que cães treinados para o efeito, avança esta quarta-feira um estudo publicado pela revista científica Plos One.

De acordo com este trabalho, os caninos são capazes de detetar melhor a covid-19 do que os testes PCR, tanto em pessoas sintomáticas como assintomáticas, já que, no estudo, cães treinados foram capazes de detetar o vírus em 97% dos sintomáticos e em quase 100% dos assintomáticos.

"O cão não mente", disse Dominique Grandjean, professor na Escola Nacional de Veterinária de Alfort em França e autor do estudo, ao Science News, observando que podem ocorrer alguns erros com os testes PCR.

O estudo contou com 335 participantes de centros de testagem de covid-19 em Paris. Dos participantes, 109 foram identificados como positivos, incluindo 31 que estavam assintomáticos.

Os autores do estudo francês disseram que, em breve, mais cães poderiam ser utilizados para detetar a covid-19 em locais de testagem em massa, incluindo aeroportos. A concretizar-se, França poderia juntar-se aos Emirados Árabes Unidos e Finlândia, que já utilizam o método para identificar a covid-19 nesses locais. 

Os cães de deteção, fornecidos pelos corpos de bombeiros franceses e pelos Emirados Árabes Unidos, receberam três a seis semanas de treino, um tempo que varia consoante se um cão foi previamente treinado para a deteção de odores. Os cães farejavam amostras de suor humano colocadas num cone de olfacto. Ao detetar a presença do vírus, o cão sentava-se em frente ao cone.

Por outro lado, em dois casos de falsos positivos, os cães identificaram outras estirpes de doença respiratória coronavírus que não correspondiam à covid-19. Ainda que tenham existido estudos anteriores sobre a capacidade dos cães para detetar o SARS-CoV-2, acredita-se que este foi o primeiro a comparar a exactidão dos cães com os testes PCR.

Um estudo publicado em maio por investigadores no Reino Unido descobriu que cães treinados podiam detetar a doença com uma exactidão de 82% a 94%, segundo adiantou na altura a estação NBC News. Já um estudo de 2021, feito no estado norte-americanano da Florida, descobriu que os cães tinham uma taxa de exactidão de 73% a 93% após um mês de treino.

A utilização de cães para testes covid-19 também poderia beneficiar aqueles que têm dificuldade em tolerar as zaragatoas nasais, tais como pacientes com Alzheimer, disseram os autores. Mas especialistas não afiliados ao estudo advertem que a tradução dos resultados positivos no uso diário pode revelar-se difícil.

"O ideal - e eu considerá-lo-ia o Santo Graal - é que o cão esteja ali parado, uma pessoa passeia, e eles dizem, 'Sim, não, sim, não, sim, não'", disse Cynthia Otto, diretora do Penn Vet Working Dog Center da Universidade da Pensilvânia, acrescentando que "isso poderia eventualmente ser feito, mas assegurando que é feito com todos os controlos adequados e garantias de qualidade e segurança - é um grande passo. Não vi ninguém que tenha proposto como fazer essa transição de uma forma que seja científica e segura".

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