Top Gun nos céus da Síria: pilotos russos tentam 'combater' caças americanos

CNN , Oren Liebermann
29 abr 2023, 11:01
Membros da tripulação do porta-aviões norte-americano USS Harry S. Truman ao lado de um caça F18 Hornet no convés do navio no leste do Mediterrâneo, a 8 de maio de 2018. Aris Messinis/AFP/Getty Images/FILE

Os pilotos russos estão a tentar "combater" caças norte-americanos sobre a Síria, de acordo com um porta-voz do Comando Central dos EUA, parte de um padrão recente de comportamento mais agressivo.

As tentativas aconteceram em vários dos casos mais recentes de comportamento agressivo dos pilotos russos, indicou o coronel Joe Buccino.

Os pilotos russos não parecem estar a tentar abater os caças americanos, disse fonte militar dos EUA à CNN, mas podem estar a tentar "provocar" os Estados Unidos e "atrair-nos para um incidente internacional".

Na aviação militar, o dogfight é um combate aéreo, muitas vezes a uma distância relativamente curta.

Um vídeo divulgado pelo Comando Central dos EUA, de 2 de abril, mostra um caça russo SU-35 a intercetar de forma "insegura e pouco profissional" um caça F-16 dos EUA.

Um segundo vídeo de 18 de abril mostra um caça russo a violar o espaço aéreo da coligação e a aproximar-se a menos de 600 metros de um avião americano, uma distância que um caça pode percorrer numa questão de segundos.

Nos últimos anos, os EUA e a Rússia têm utilizado uma linha de desconflito entre as duas forças armadas na Síria para evitar erros não intencionais ou encontros que possam inadvertidamente conduzir a uma escalada.

As autoridades norte-americanas contactaram os seus homólogos russos sobre os recentes incidentes, e os russos responderam mas "nunca de forma a reconhecerem o incidente".

Desde o início de março, os caças russos violaram os protocolos de desconflito um total de 85 vezes, indicou a fonte, incluindo voar demasiado perto das bases da coligação, não conseguindo alcançar a linha de desconflito, entre outros.

Este número inclui também 26 casos em que caças russos armados sobrevoaram posições dos EUA e da coligação na Síria.

"Parece ser consistente com uma nova forma de operar", observou a fonte. Os pilotos americanos recusaram-se a participar nos combates aéreos e estão a aderir aos protocolos das medidas de desconflito.

Os EUA têm cerca de 900 militares na Síria, no âmbito da campanha em curso para derrotar o autoproclamado Estado Islâmico.

O comportamento mais agressivo dos pilotos russos tem-se verificado também fora da Síria.

Em março, um caça russo SU-27 colidiu com um drone americano MQ-9 Reaper no espaço aéreo internacional sobre o Mar Negro.

A colisão danificou a hélice do drone, forçando-o a cair na água, num incidente que os EUA descreveram como "inseguro, pouco profissional" e até "imprudente".

"É preocupante porque aumenta o risco de erros de cálculo e, tendo em conta incidentes como a intercepção do MQ-9 e a sua subsequente queda no Mar Negro, não é o tipo de comportamento que eu esperaria de uma Força Aérea profissional", considerou o comandante do Comando Central da Força Aérea dos EUA, o tenente-general Alexus Grynkewich, numa declaração no início deste mês.

A Rússia entregou posteriormente prémios estatais aos pilotos dos caças russos.

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