Golos de Dailon Livramento, Willy Semedo e Stopira deram apuramento inédito aos Tubarões Azuis para o Campeonato do Mundo de 2026
Esta segunda-feira era talvez um dos dias mais importantes da história de Cabo Verde desde a independência, há 50 anos.
Poderíamos estar a falar de umas importantes eleições ou um grande investimento público. Mas o que esteve em jogo na cidade da Praia é algo muito maior, capaz de unir todo um país e reacender o orgulho nacional.
O governo cabo-verdiano sabia desde logo da importância do jogo frente a eSwatini, que poderia dar o primeiro apuramento do país para a fase final de um Mundial de futebol. Na passada quinta-feira, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, anunciou tolerância de ponto para esta segunda-feira a partir das 12:00 locais para toda a ilha de Santiago. O objetivo era que os Tubarões Azuis tivessem o máximo de apoio possível.
Os cabo-verdianos corresponderam e lotaram o Estádio Nacional do país. O relvado, embora não a 100%, recebeu todos os cuidados possíveis; durante vários dias, os bombeiros locais deslocaram-se ao campo para o regar, de modo a poder estar nas melhores condições. O palco estava montado.
O jogo começou muito tenso, os nervos notavam-se no comportamento dos jogadores cabo-verdianos, que foram incapazes de criar muito perigo na primeira parte. eSwatini conseguiu levar o empate para o intervalo. No outro jogo importante do grupo, Camarões e Angola registavam o mesmo resultado. Ainda não havia motivo para alarme.
Se a primeira parte foi amena, a segunda trouxe uma chuva de emoções logo desde o seu início. Canto curto e bola batida rasteira para a área. A defesa de eSwatini atrapalha-se e a bola é colocada numa bandeja para Dailon Livramento que, a escassos centímetros da baliza, praticamente só teve de encostar para o primeiro golo. Alívio, alegria, delírio, todas as emoções possíveis depois do golo do jogador do Casa Pia. O sonho do Mundial estava ali, a menos de uma hora de distância.
O sonho está cada vez mais perto, VAMOS TUBARÕES AZUIS 🇨🇻 🦈#sporttvportugal #QualificaçãoMundial2026 #CaboVerde pic.twitter.com/QQgdNAEVW0
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Seis minutos depois, aos 54', numa jogada semelhante, Diney Borges cabeceou um cruzamento ao segundo poste para assistir Willy Semedo, que nunca tinha marcado por Cabo Verde num jogo oficial, fazer o segundo dos Tubarões Azuis.
📞 Hallo, Mundial 2026? Aqui vai Cabo Verde 🇨🇻 🦈#sporttvportugal #QualificaçãoMundial2026 #CaboVerde pic.twitter.com/qnvl5kZ54J
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A partida poderia ter acabado logo ali. eSwatini não esboçou qualquer reação e os cabo-verdianos geriram a partida de forma confortável. Minuto a minuto, a explosão de alegria foi ficando mais perto. Na compensação, diretamente de Torres Vedras, Stopira, lenda do futebol cabo-verdiano, ainda fez o terceiro. A festa começou.
Cabo Verde venceu o grupo D do apuramento africano para o Campeonato do Mundo com 23 pontos, mais quatro que os Camarões, que não foi capaz de desfazer o nulo frente a Angola. É a quarta seleção lusófona a apurar-se para um Mundial e a segunda entre as africanas, após os Palancas-Negras se terem qualificado em 2006.