Lula repudia “discursos de golpe” e pede investigação a protestos contra os resultados das eleições no Brasil

Agência Lusa , BCE
10 nov 2022, 00:12
Lula da Silva (AP Photo)

Perante os protestos e a rejeição de uma parte da população alinhada com Bolsonaro, Lula disse que o seu governo não terá "tempo para vingança ou ódio"

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse esta quarta-feira que os "discursos de golpe" não têm lugar no país e pediu uma investigação a possíveis financiadores dos protestos.

"Não há possibilidade de discursos golpistas", disse Lula aos jornalistas em Brasília, num dia em que visitou o Supremo Tribunal e se reuniu separadamente com os presidentes das duas câmaras legislativas.

"Essas pessoas que estão protestando, sinceramente, não têm por que protestar. Deviam dar graças a Deus pela diferença ter sido menor que aquilo que nós merecíamos ter de votos", disse.

Lula da Silva foi mais longe e frisou que "é preciso detetar quem é que está financiando esses protestos que não têm pé nem cabeça. Ofensas a autoridades, ameaças de fechamento, agressão verbal".

O presidente Jair Bolsonaro, que obteve 49,1% dos votos na segunda volta das eleições, em comparação com os 50,9% de Lula, não felicitou nem reconheceu publicamente a vitória do seu adversário, embora tenha dado luz verde à sua equipa para levar a cabo o processo de transição.

Após a derrota, o sindicato dos camionistas, que tem sido aliado do Bolsonaro, levou a cabo bloqueios rodoviários por todo o país e na quarta-feira reuniu pelo menos 300 camiões em frente ao quartel-general do exército em Brasília para apelar à intervenção militar a fim de manter Bolsonaro no poder.

Perante os protestos e a rejeição de uma parte da população alinhada com Bolsonaro, Lula disse que o seu governo não terá "tempo para vingança ou ódio. Chegou o momento de governar".

Lula prometeu "recuperar a harmonia entre os poderes e a normalidade da coexistência entre instituições" e agradeceu às autoridades judiciais por defenderem as instituições brasileiras, que foram "atacadas e violadas por uma linguagem que nem sempre é recomendada por algumas autoridades ligadas ao governo Bolsonaro”.

"Eu me candidatei com o compromisso de que é possível resgatar a cidadania do povo brasileiro, de que é possível a gente recuperar a harmonia entre os poderes, de que é plenamente possível a recuperar a normalidade da convivência entre as instituições brasileiras. Instituições que foram atacadas, que foram violentadas pela linguagem nem sempre recomendável de algumas autoridades ligadas ao governo", disse.

Lula da Silva garantiu ainda que não vai interferir na escolha dos presidentes das duas câmaras.

"Não cabe ao presidente da República interferir em quem será o presidente do Senado ou da Câmara. Ou seja, quem vai decidir quem será o presidente das Casas serão senadores e deputados. O papel do presidente da República não é gostar ou não de presidente, é conversar com quem dirija a instituição", disse.

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