Luís Castro: o perfil do futebol brasileiro e a equipa que lhe deu mais prazer

25 jan 2023, 16:55
Luís Castro (Botafogo)

Numa reflexão sobre vários assuntos relacionados com o papel de treinador, Luís Castro referiu que a passagem pelo Shakhtar permitiu-lhe preparar-se para o Botafogo, onde diz estar feliz, mas pede paciência

A iniciar a segunda época no comando do Botafogo, histórico clube do Rio de Janeiro, Luís Castro abordou as características e os desafios do futebol no Brasil.

«O Brasileirão talvez seja um dos campeonatos mais difíceis do Mundo. É servido de bons jogadores, mas o jogo parte-se muito. Anda muito em jogo de transições. Os jogos também são muito emocionais, a dimensão de rendimento psicológica tem uma grande interferência em cada uma das partidas. Muitas vezes perde-se aquela racionalidade do jogo, em que nós queremos controlá-lo através da bola, chegar à baliza quando entendemos fazê-lo. Os adversários são muito pressionantes e levam o jogo muito para essas transições. Rapidamente, percebemos que também tínhamos de ter jogadores de transição para nos opormos às equipas que jogam permanentemente em transição. Temos de trabalhar um pouco diferente porque o contexto é diferente», disse numa reflexão ao Coaches Voice.

O treinador português explicou que a passagem pelo Shakhtar Donetsk, onde esteve entre 2019 e 2021, permitiu-lhe preparar-se para a realidade que encontrou do outro lado do Atlântico.

«A minha experiência na Ucrânia tem-me ajudado muito no meu trabalho no Botafogo. Quando estivemos no Shakhtar, havia quase 50 por cento de jogadores ucranianos e a outra metade era formada por brasileiros. Ali, notava-se claramente, que os jogadores brasileiros eram mais emocionais, queriam mais liberdade em campo. Enquanto os ucranianos gostavam de um jogo mais guiado, de tarefas mais bem definidas. Quando cheguei ao Botafogo, entendi claramente que era, de facto, aquilo que eu pensava: os jogadores brasileiros são muito emocionais e ligados a uma torcida também muito emocional. No Brasil sente-se muito a paixão da torcida», disse

Luís Castro refletiu sobre o tipo de treinador que é e como olha para o papel que tem e que não se limita ao trabalho de campo. «Sempre gostei de ter jogadores jovens nas equipas e sempre gostei de lançar esses jovens. Mas para isso, temos de prepará-los muito bem. Porque podemos estar a destruir um jogador se ele não estiver bem preparado. Caso contrário, não estamos a ajudá-lo. Estamos a expô-lo perante o perigo. (...) Gosto de ajudar o jogador a crescer, gosto de ajudar o jogador a formar-se enquanto profissional e enquanto homem. É uma área que me apaixona muito. Por isso, quero estar sempre ligado às categorias de base. Não só ser treinador da equipa A, mas estar também ligado às academias. E tirar o máximo proveito dos jovens que vêm de lá», referiu.

Na primeira época no Botafogo, que marcou o regresso da equipa carioca ao Brasileirão após uma passagem pela Série B, Luís Castro conduziu a equipa até ao 11.º lugar, conseguindo evitar a dura luta pela salvação.

Agora, numa época em que o clube ainda não contratou jogadores para a equipa principal, o técnico pede paciência. «Estou feliz no Botafogo. Mas é fundamental termos paciência. Para construirmos uma equipa vencedora, é preciso tempo. Eu sei que os resultados são muito importantes no Botafogo, mas é preciso paciência, porque só ela pode levar-nos a grandes resultados. Para projetarmos o Botafogo a um futuro cada vez melhor», disse.

Luís Castro esteve largos anos ligado à formação do FC Porto enquanto coordenador da formação e há dez anos voltou a treinar equipas, algo que fez nos primeiros anos da carreira como treinador. Começou pelo FC Porto B, foi promovido à equipa principal em 2013/14 para segurar o «barco» após a saída de Paulo Fonseca numa época turbulenta e passou depois por Rio Ave, Desp. Chaves, V. Guimarães, Shakhtar, Al-Duhail e, agora, Botafogo.

«Dizer qual a equipa que me deu mais prazer de trabalhar, ou que vi mais projetado em campo aquilo que são as minhas ideias de jogo? Talvez, onde mais consegui foi no Chaves, na Liga portuguesa, e no Shakhtar Donetsk. Incluo também o FC Porto B, no ano [2015/16] em que fomos campeões da II Liga.»

 

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