Apoiantes radicais de Bolsonaro invadiram as sedes dos três poderes na capital do Brasil. Presidente do Senado afirma que os manifestantes "devem sofrer o rigor da lei com urgência"
Um grupo de manifestantes pró-Bolsonaro furou um bloqueio da polícia e tomou as sedes dos Três Poderes em Brasília durante a tarde deste domingo. As imagens mostram que os manifestantes radicais invadiram o prédio do Congresso Nacional e há registos de vandalismo no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) e no Palácio do Planalto.
Bolsonaro supporters attacking federal buildings in Brasilia. National Congress and the Planalto Palace, the seat of executive power, both broken into. Images of shattered windows and ransacked workspaces, all painfully reminiscent of Jan. 6. pic.twitter.com/esvFYE0HcC
— Alejandro Alvarez (@aletweetsnews) January 8, 2023
A invasão começou depois dos radicais da extrema-direita brasileira apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições em outubro passado, terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Apesar de a polícia militar de Brasília ter colocado barreiras de proteção, os “bolsonaristas” avançaram e furaram o cerco policial.
Há imagens da barreira dos polícias na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, a ser "furada" pelos manifestantes vestidos de verde e amarelo. Os “bolsonaristas” arrancaram grades para entrar na Praça dos Três Poderes enquanto os agentes tentavam contê-los com ‘spray’ de gás pimenta.
O senador Veneziano Vital do Rêgo, presidente interino do Senado, confirmou à CNN Brasil que os manifestantes conseguiram invadir primeiro o interior do prédio do Congresso. Segundo o senador, os manifestantes chegaram ao Salão Verde da Câmara dos Deputados, enquanto outro grupo tentava invadir o Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo brasileiro.
Cerca das 20:00, o STF avançou à CNN Brasil que a equipa de segurança do Supremo e da tropa de choque conseguiu retomar o controlo do prédio. Há ainda registo de pessoas detidas na garagem.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou no Twitter que conversou por telefone com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, com quem está em contacto permanente:
Na ação, estão empenhadas as forças de segurança do Distrito Federal, alem da Polícia Legislativa do Congresso. Repudio veementemente esses atos antidemocráticos, que devem sofrer o rigor da lei com urgência.
— Rodrigo Pacheco (@rodrigopacheco) January 8, 2023
Já o vice-presidente da Câmara, Luciano Bivar, considerou a invasão como “um desrespeito” e afirmou que conversou com o presidente da Câmara e com Anderson Torres, responsável pela segurança pública do DF, ex-ministro da Justiça. Segundo Bivar, haverá um reforço da Polícia Militar e estão a ser destacados novos contingentes para o Congresso Nacional e para o Palácio do Planalto.
Sabe-se que, no momento da invasão, Lula da Silva estava em Araraquara, no interior de São Paulo, numa viagem na sequência das chuvas que afetam a cidade.
Segundo imprensa brasileira, há informações de que cerca de quatro mil “bolsonaristas” chegaram a Brasília para este ato, convocados nas redes sociais por grupos de extrema-direita.
PT e aliado do Governo de Lula pedem intervenção na segurança pública de Brasília
O Partido dos Trabalhadors (PT) brasileiro e aliados do Governo de Lula da Silva pediram uma intervenção na segurança pública do Distrito Federal, onde se localiza a capital, Brasília.
A presidente do PT apelidou de "irresponsável" a resposta das autoridades de Brasília à invasão dos edifícios do poder e da justiça por apoiantes do ex-chefe de Estado Jair Bolsonaro.
Governo do DF foi irresponsável frente à invasão de Brasília e do Congresso Nacional. É um crime anunciado contra a democracia, contra a vontade das urnas e por outros interesses. Governador e seu secretário de segurança, bolsonarista, são responsáveis pelo que acontecer
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) January 8, 2023
O senador e líder do Governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, anunciou, também no Twitter, que está, juntamente com Gleisi Hoffman, a pedir ao procurador-geral da República "para que seja decretada intervenção na Segurança Pública do DF".
O presidente nacional do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Juliano Medeiros, disse à Lusa que "em primeiro lugar, é preciso usar toda a força disponível para restituir a normalidade em Brasília".
"Em segundo lugar, é preciso responsabilizar o secretário de Segurança do Distrito Federal pela evidente conivência com esses atos terroristas, e ir mais longe: responsabilizar o governador do Distrito Federal. Ele não pode continuar governando o Distrito Federal ou dialogar com a bancada do PSOL na Câmara Distrital do DF para propor. É vítima do Ibaneis Rocha [governador do DF]", disse o presidente do PSOL, partido de esquerda que apoiou a eleição de Lula da Silva.