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Comentadora CNN

Não há desculpas para não ver o perigo do Bolsonarismo 

9 jan 2023, 08:00

Diferente de cadeiras e janelas quebradas, que podem ser substituídas, a democracia é mais difícil de ser consertada

No intervalo de apenas uma semana, duas imagens vão marcar para sempre a história do Brasil. No dia 1º de janeiro de 2023, representantes do povo subiram a rampa do Planalto, em Brasília, ao lado do governo eleito democraticamente. No dia 8 de janeiro, criminosos bolsonaristas subiram a mesma rampa para invadir o Planalto. 

O mesmo local, o mesmo Brasil, mas não as mesmas pessoas. No dia 1º de janeiro, os democratas estavam em Brasília para celebrar a alternância de poder e a vontade popular. Neste domingo (8), pessoas que desprezam a democracia invadiram, depredaram e vandalizaram a sede dos Três Poderes do país na capital brasileira. 

Se há quem ainda tenha dúvida do perigo que o bolsonarismo representa, basta ver as imagens de destruição. Dois grupos distintos, mas muitas vezes igualados. A diferença entre os dois domingos precisa marcar, de vez, a diferença entre a democracia, representada por uma frente ampla de partidos da direita à esquerda, e da extrema-direita. 

As cenas da invasão são assustadoras e preocupantes de várias óticas. Primeiro, do ponto de vista da conivência das forças de segurança pública com os manifestantes. Vários policiais aparecem em selfies e rindo junto com os criminosos.

Na mesma linha, a falta de uma preparação de segurança para o que já se previa e a demora para uma resposta rápida da polícia são chocantes para um país como o Brasil, sempre tão ágil em manifestações de professores, por exemplo.

Mas, o que mais assusta, são as ações da seita bolsonaristas. No mundo paralelo em que vivem, estão fazendo algo patriótico e heróico, vandalizam e transmitem tudo ao vivo, gravam vídeos que rapidamente se espalham nos grupos de troca de mensagens. Riem, zombam da democracia, zombam do povo brasileiro. 

Esse é, definitivamente, o momento mais grave da política brasileira desde a redemocratização. Não se pode normalizar esse tipo de atitude. É preciso nomear o que são: criminosos. É preciso deixar claro que o fenômeno do bolsonarismo impulsionou toda essa e outras violências políticas que vive. É preciso que todos os responsáveis sejam punidos no rigor da lei, dos invasores aos financiadores, dos agentes de segurança coniventes aos superiores que atendem ao comando do estado.

Mais do que isso, é preciso aprender como lidar com esse fenômeno cada vez mais perigoso para a sociedade. É preciso recuperar parte desse Brasil que está vivendo em uma realidade paralela, baseada em mentiras e ódio à verdade, fanatismo religioso e doses de perversidade.

O episódio, uma tentativa de réplica ao Capitólio americano, também precisa ser um alerta para o mundo: não se brinca com o sistema democrático. Diferente de cadeiras e janelas quebradas, que podem ser substituídas, a democracia é mais difícil de ser consertada. 

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