Diplomata alemão preso no Brasil por alegado assassinato do marido

CNN Portugal , com CNN e CNN Brasil
10 ago 2022, 09:30
Cônsul alemão Uwe Herbert Han (à direita) foi preso por suspeita de matar o marido, Walter Henri Maximillen Biot Foto reprodução CNN Brasil

Cônsul alemão Uwe Herbert Han (à direita na foto) foi preso por suspeita de matar o marido, Walter Henri Maximillen Biot. (Foto: reprodução publicada pela CNN Brasil)

Um juiz brasileiro ordenou que o cônsul alemão Uwe Herbert Hahn fosse detido por causa do alegado assassinato do seu marido no Rio de Janeiro –recusando as alegações da defesa de imunidade diplomática, de acordo com a CNN Brasil.

A polícia do Rio levou Hahn sob custódia pela primeira vez no sábado, após o seu marido, Walter Henri Maximilien Biot, 52 anos, ter sido encontrado morto num apartamento no bairro de Ipanema, informou a polícia.

O juiz brasileiro Rafael de Almeida Rezende citou alegadas tentativas de adulteração de provas entre os fatores que justificaram a decisão de manter o diplomata detido.

O alegado crime ocorreu no apartamento em que o casal morava, no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro. Segundo a delegada responsável pelo caso, Camila Lourenço, citada pela CNN Brasil, não há dúvidas sobre autoria do crime. A vítima, Walter Henry Maximillen Biot, tinha 52 anos, e foi encontrado morto na noite de sexta-feira. O cônsul agora suspeito começou por alegar que o marido havia sofrido uma queda e batido com a cabeça. Mas ao encontrar contradições entre o depoimento e os factos observados, a polícia decretou a sua prisão por flagrante delito.

Ainda segundo a CNN Brasil, a defesa do diplomata invocou a imunidade consular para pedir o relaxamento da prisão do diplomata, mas a Justiça recusou, por tratar-se de um acontecimento sem relação com as funções diplomáticas e por ter ocorrido fora do ambiente consular. Outro fator invocado pelo juiz brasileiro Rafael de Almeida Rezende são as alegadas tentativas de adulteração de provas: de acordo com a decisão, a que a CNN teve acesso, “o apartamento foi limpo antes de a equipa forense ter efetuado os seus exames, facto que por si só demonstra que a libertação do suspeito sob detenção poderia levar a sérios problemas na recolha de provas".

Sangue e fezes

A cena do crime foi descrita pela delegada Camila Lourenço, que, citada pela CNN Brasil, afirma que o apartamento em que Biot foi encontrado morto estava bastante sujo, com fezes e sangue espalhados.

“Havia um sofá com com uma mancha húmida de lado sugerindo que alguém tivesse limpado à pressa a região na tentativa de ocultar algo. Num segundo momento foi feita uma pesquisa com o reagente luminol. Os peritos identificaram sangue na fronha, no chão, em diversos pontos do imóvel, e no banheiro”.

A secretária do cônsul depôs que lavou uma mancha de sangue no apartamento. A brasileira de 50 anos relatou que Hahn lhe enviou uma mensagem na madrugada de sábado, dizendo “Walter está morto. Teve um infarte”. Depois, Hahn disse-lhe que o marido se tinha sentido mal, corrido para a varanda e caído. Já no apartamento, a mulher viu um cão lamber uma mancha de sangue, pelo que limpou a zona com detergente.

A versão do diplomata

No seu depoimento à polícia, a que a CNN Brasil teve acesso, Uwe Hahn descreveu a sua relação com a vítima, Henri Biot: estavam juntos há 23 anos, há quatro dos quais morando no Brasil. Segundo Hahn, a notícia de que o próximo destacamento o levaria para o Haiti levou a que o marido começasse a consumir bebidas alcoólicas em excesso e medicamentos para dormir por causa do stress.

Segundo disse à delegada Camila Lourenço, responsável pelo caso, o seu marido teve um surto repentino quando ambos estavam no sofá e correu para a varanda, onde caiu no chão. “Não consigo dizer-te o motivo dessa reação. Eu consigo dizer-te que nos últimos dois dias ele teve algumas vezes ataques de pânico. Ele estava nervoso. Algumas vezes ele estava agindo diferente”, afirmou, citado pela CNN Brasil.

Contudo, a perícia efetuada no local e o relatório da autópsia apontam para contecimentos diferentes. O corpo da vítima tinha lesões resultantes de ação contundente, sendo uma delas compatível com uma pisadela e outra com a utilização de instrumento cilíndrico (supostamente um bastão de madeira); havia manchas de sangue no quarto do casal e na casa de banho “compatíveis com a dinâmica de morte violenta”, diz o relatório.

A perícia recolheu indícios de morte por espancamento, com o corpo a apresentar marcas de agressões recentes e antigas. A polícia apreendeu um bastão e uma mangueira de ar condicionado que podem ter sido usados para o espancamento.

Contactada pela CNN Brasil, a Embaixada da Alemanha em Brasília informou que, juntamente ao Consulado Geral no Rio de Janeiro, “está em estreito contato com as autoridades brasileiras, mas que não fornecerá detalhes sobre o caso ou o cônsul”.

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