Brasil: Exército acusa coronel na reserva após investigação sobre ataque

Agência Lusa , DCT
14 jan 2023, 15:02
Apoiantes de Bolsonaro juntam-se em frente do Palácio da Alvorada, em Brasília (EPA)

No domingo, milhares de 'bolsonaristas' atacaram as sedes da Presidência da República, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional

O Comando Militar do Planalto propôs acusar um coronel na reserva, após ter concluído a investigação do assalto às sedes dos três poderes, no domingo, em Brasília, num processo interno que durou apenas três dias.

Neste relatório, são imputados ao coronel insultos e ofensas às Forças Armadas, crimes puníveis com até dois anos de prisão no Código Penal Militar Brasileiro.

A investigação policial-militar aberta na terça-feira destaca o coronel de reserva Adriano Camargo Testoni por insultar membros do Alto Comando das Forças Terrestres e ofender as Forças Armadas, informou o comandante militar do Planalto, General Gustavo Henrique Menezes Dutra, citado pelo jornal Estadão.

A investigação foi remetida ao Ministério Público Militar, que irá agora estudar a conduta descrita para denunciar o coronel Camargo, que participou na manifestação na Esplanada dos Três Poderes e publicou nas suas redes sociais dois vídeos com ofensas ao Exército, mencionando especificamente os generais do Alto Comando e a sua promoção da Academia das Águias Negras de 1987.

Camargo foi afastado do seu posto no Hospital das Forças Armadas na terça-feira e a sua conduta foi condenada de forma generalizada por oficiais militares. Mais tarde publicou um vídeo pedindo desculpa aos militares, afirmando que tinha uma cabeça quente e que amava o Exército.

O exército está no centro da controvérsia devido às críticas da esquerda pela sua conivência com a manifestação violenta, e da direita pró-ex-presidente Jair Bolsonaro pela sua falta de intervenção.

No domingo, milhares de 'bolsonaristas' atacaram as sedes da Presidência da República, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional.

Antes dos ataques às sedes dos três poderes, os radicais bloquearam estradas, invadiram uma esquadra de Brasília em meados de dezembro e, dias depois, deixaram um artefacto explosivo próximo ao aeroporto da capital, que foi desativado pela polícia.

A invasão dos edifícios começou depois de militantes da extrema-direita brasileira que apoiam o anterior presidente, derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro passado, terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios, na capital brasileira.

Entretanto, o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por 90 dias, considerando que tanto o governador como o ex-secretário de Segurança e antigo ministro da Justiça de Bolsonaro terão atuado com negligência e omissão.

A polícia brasileira identificou, interrogou e prendeu 1.159 'bolsonaristas' envolvidos nas invasões e vandalização das sedes dos três poderes em Brasília, ocorridas no último domingo, segundo um balanço da Polícia Federal.

"Ao todo, 1.843 pessoas foram conduzidas pela Polícia Militar do Distrito Federal para a Academia Nacional de Polícia. Todos os detidos foram identificados pela Polícia Federal e irão responder, na medida de suas responsabilidades, por crimes de terrorismo, associação criminosa, atentado contra o Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, perseguição, incitação ao crime, entre outros", referiu a Polícia Federal.

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