Boris Johnson demite-se mas quer ficar no Governo até ao outono

7 jul 2022, 09:13

Primeiro-ministro do Reino Unido não resistiu às mais de 50 demissões no seu executivo governamental

Boris Johnson decidiu demitir-se da liderança do Partido Conservador. De acordo com a BBC, o primeiro-ministro britânico quer permanecer na chefia do Governo até que seja eleito o seu sucessor no partido.

Segundo o The Guardian, que cita fontes do nº10 de Downing Street, Boris Johnson falou com o líder do Comité 1922, Sir Graham Brady, e tomou a sua decisão final - terá sido tomada cerca das 8:30 desta quinta-feira. 

O anúncio da saída surge depois de mais de 50 membros do executivo terem apresentado a demissão, em protesto pelos contínuos escândalos que envolvem Boris Johnson. As demissões aumentaram a pressão sobre Boris Johnson para sair do governo, sendo que o influente Comité 1922, que agrupa os deputados conservadores, prepara uma modificação das regras para que se possa levar a cabo uma nova moção de censura interna contra o chefe do governo. 

Boris Johnson já terá falado com a rainha Isabel II, avança a ITV. De acordo com Anushka Asthana, a editora de política do canal britânico, a conversa foi uma questão de "cortesia" na sequência do anúncio iminente sobre o plano de demissão do primeiro-ministro. Contudo, o Palácio de Buckingham recusou comentar se a rainha teve alguma comunicação com Boris Johnson na manhã desta quinta-feira, informou a PA Media. Segundo o The Guardian, a rainha está no Castelo de Windsor e a Court Circular registou que a monarca realizou a sua audiência semanal por telefone com o primeiro-ministro na noite de quarta-feira.

Oposição quer eleições: "Boris é responsável por mentiras, escândalos e fraude a uma grande escala"

O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, afirmou esta quinta-feira que a demissão do primeiro-ministro Boris Johnson é uma "boa notícia para o país". "Não precisamos de mudar o Tory (conservador) no topo, precisamos de uma mudança adequada de governo", reiterou o líder da oposição, que acrescentou: "O Reino Unido precisa de começar do zero".

Keir Starmer diz que a demissão de Boris "já devia ter acontecido há muito tempo". "Ele sempre foi inapto para o cargo. É responsável por mentiras, escândalos e fraude a uma grande escala. E todos os que foram cúmplices deviam ter vergonha", acusou o líder da oposição num comunicado partilhado no Twitter.

Líder escocesa diz que Boris "foi incapaz" de ser primeiro-ministro

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, disse esta quinta-feira que haverá uma "sensação generalizada de alívio" quando o "caos" dos últimos dias da liderança de Boris Johnson chegar ao fim, afirmando também que a possibilidade de este permanecer como primeiro-ministro até ao outono "parece longe do ideal".

"Haverá uma sensação generalizada de alívio de que o caos dos últimos dias (na verdade, meses) chegará ao fim, embora a ideia de Boris Johnson permanecer como primeiro-ministro até ao outono pareça longe do ideal e certamente não sustentável", afirmou Sturgeon numa série de tweets.

"Boris Johnson sempre foi manifestamente incapaz de ser primeiro-ministro e os conservadores nunca deveriam tê-lo eleito líder ou mantido no cargo por tanto tempo. Mas os problemas são muito mais profundos do que um indivíduo. O sistema de Westminster está fragilizado", disse Sturgeon.

Sturgeon também afirmou que, para a Escócia, “o défice democrático inerente ao governo de Westminster não é corrigido com uma mudança de primeiro-ministro”, acrescentando que nenhum dos políticos do Partido Conservador que disputam a liderança “jamais seria eleito na Escócia”.

"Por fim, as minhas diferenças com Boris Johnson são muitas e profundas. Mas a liderança é difícil e traz muitas tensões e tensões e por isso, a um nível pessoal, desejo-lhe e à sua família tudo de bom", acrescentou.

"Ele não gosta de nós, nós também não gostamos dele": o adeus do Kremlin a Boris Johnson

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, pronunciou-se esta quinta-feira sobre a crise política de Boris Johnson, noticia a agência Reuters. Porém, o governo russo não encara a situação no Reino Unido como "uma prioridade".

"Ele não gosta de nós, nós também não gostamos dele", afirmou Dimitry Peskov, que acrescentou: "A crise governamental no Reino Unido não pode ser uma prioridade para o nosso trabalho".

Boris Johnson tem sido um assumido apoiante de Volodymyr Zelensky, tendo visitado Kiev já por duas vezes desde o início da invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro. 

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