Omicron afunda mercados financeiros. Bolsas europeias perderam 495 mil milhões de euros, dos quais 1,4 mil milhões em Lisboa

26 nov 2021, 20:43

Do petróleo às criptomoedas, os principais mercados mundiais não reagiram da melhor forma à incerteza gerada pela nova variante da Sars-CoV-2

Foi um dia de emoções fortes para os investidores. As notícias vindas da África do Sul, onde os cientistas descobriram uma nova variante da covid-19 que se acredita ser a estirpe mais resistente às vacinas, atiraram os mercados mundiais para o "vermelho", com a perspetiva da omicron voltar a fazer parar a economia mundial com novos confinamentos.

As bolsas europeias não foram exceção à pressão vendedora e, esta sexta-feira, perderam 495 mil milhões de euros em poucas horas. O índice de referência europeu desvalorizou 3,72%, a maior queda desde junho de 2020.

"É o medo a motivar as quedas nos mercados. Perante o medo e a incerteza, há vendas massivas", afirma o editor de Economia da TVI, Vitor Costa, sublinhando que as perdas afetaram principalmente os setores mais expostos a um cenário de novo confinamento.

As principais empresas afetadas estão no setor do turismo e nas transportadoras aéreas. Em sentido inverso estiveram as maiores farmacêuticas, que se mantiveram "no verde".

O índice português, o PSI-20, também reagiu negativamente às notícias da nova variante da covid-19, perdendo 2,43%, o equivalente a mais de 1,4 mil milhões de euros. Entre os maiores perdedores do mercado nacional está a Galp, que, em poucas horas, caiu 6%.

As principais bolsas europeias negociaram com quedas ainda mais acentuadas, com Madrid a perder 4,22%, Paris 4,07%, Frankfurt 3,25% e Londres 3,05%.

Wall Street em queda

"Não estamos certos de que vai haver um confinamento como tivemos no ano passado, mas nos mercados interiorizou-se a ideia de que isso pode vir a acontecer", reforçou Vitor Costa na CNN Portugal.

Essa ideia foi espelhada na bolsa de Nova Iorque, que registou uma forte queda no início da sessão. Em Wall Street, Dow Jones liderou a queda, ao cair 2,53% para os 34,899.34 pontos. No mesmo sentido esteve o índice das principais empresas do mercado norte-americano, o S&P500, que desvalorizou 2,27% para os 4.594.62 pontos.

Petróleo sob forte pressão vendedora

Os preços do petróleo estavam esta sexta-feira em queda livre, baixando 10% em relação ao encerramento na quinta-feira, devido ao risco para a procura que representa a nova variante do coronavírus detetada na África do Sul.

Cerca das 16:00 (hora de Lisboa), o preço do barril de petróleo do Texas WTI para entrega em janeiro recuava 11,30% para 69,53 dólares. O barril de Brent do mar do Norte (de referência da Europa) descia 10,23% para 73,81 dólares.

Omicron não poupa criptomoedas

As perdas começaram na noite do dia 25 e as principais criptomoedas seguiram a tendência da bolsa. O Bitcoin desvalorizou 8,54% nas últimas 24 horas, caindo para os 48.092 euros. Também o Ethereum viu o seu preço descer 10,04%, para os 3.615 euros. Projetos populares como a Binance Coin, XRP, Solana e Cardano não fugiram à regra e sofreram fortes desvalorizações nas últimas horas, devido às notícias de que a nova variante pode vir a travar a recuperação económica mundial.

Esta variante, que já "migrou" para Bélgica, Israel, Hong Kong (Região Administrativa da China) e Botswana, pode ser detetada nos testes de PCR (de maior sensibilidade).

Segundo a OMS, a variante Omicron tem "um grande número de mutações, algumas das quais preocupantes". Dados preliminares sugerem "um risco acrescido de reinfeção" com esta estirpe, por comparação com outras variantes de preocupação, adianta a agência da ONU em comunicado.

A nota refere que recentemente as infeções "aumentaram abruptamente" na África do Sul, coincidindo com a deteção da variante B.1.1.529 e que o número de casos associados a esta estirpe "parece estar a aumentar em quase todas as províncias do país".  Por definição, as variantes de preocupação estão ligadas ao aumento da transmissibilidade ou virulência ou à diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública, dos diagnósticos, vacinas ou tratamentos.

A OMS aconselha as pessoas a manterem as medidas de proteção, como o uso de máscaras, a higienização das mãos, o distanciamento físico e a ventilação dos espaços fechados, bem como evitar multidões e vacinarem-se.

Os países devem melhorar a vigilância e os esforços de sequenciamento genético do vírus para compreender melhor as variantes circulantes do SARS-CoV-2 e reportar à OMS casos iniciais de infeções com estirpes de preocupação.

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