Bolsa recupera 900 milhões após bancos centrais aliviarem tensão na banca

ECO - Parceiro CNN Portugal , Alberto Teixeira
16 mar 2023, 11:00
Finanças (Getty Images)

Bancos subiram mais de 1% após pior dia desde o início da guerra. Credit Suisse disparou 20% com empréstimo do banco central. BCE dá sinal de confiança ao subir juros em 50 pontos base

Após a tempestade, foi dia de os bancos centrais entrarem em ação. Primeiro foi o Banco Central da Suíça, que disponibilizou 50 mil milhões de francos suíços ao Credit Suisse para lidar com a desconfiança dos mercados. As ações do banco suíço dispararam mais de 20%. Depois veio o Banco Central Europeu (BCE), garantindo que está atento e “responderá conforme necessário” para preservar a estabilidade financeira, mesmo depois de aumentar as taxas em 50 pontos, levando os bancos europeus a subirem 1% após o pior dia desde o início da guerra.

Numa sessão de claro alívio das tensões, a bolsa portuguesa também saiu a ganhar: se na véspera o PSI havia perdido 1,4 mil milhões de euros por conta da situação caótica nos mercados acionistas, a valorização de 0,9% registada esta quinta-feira permitiu recuperar 930 milhões em termos de market cap, com a EDP Renováveis, EDP e Jerónimo Martins a registarem os maiores ganhos, entre os 200 milhões e os 300 milhões.

“Apesar da turbulência do mercado nos últimos dias, o BCE decidiu manter a alta pré-anunciada de 50 pontos base. Isto é claramente concebido para sinalizar a confiança do BCE na sua capacidade de lidar com questões de estabilidade financeira com ferramentas apropriadas, enquanto não desvia os olhos do objetivo de estabilidade de preços”, referiu Anna Stupnytska, da Fidelity.

“Os investidores animaram com a falta de indicação de novos aumentos, com o BCE a referir que as decisões são ter em conta a avaliação económica e da inflação e que pretende garantir a estabilidade de preços e financeira. Isto foi visto como um sinal de que esta poderá ter sido a última subida de juros”, comentaram os analistas da sala de mercados do BCP.

Antes vítima, a banca foi espelho do regresso dos investidores ao risco, mas com cautelas. O índice Euro Stoxx Banks, que acompanha os maiores bancos do Velho Continente, avançou mais de 1%, após o pior dia desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, com espanhóis BBVA e Santander a liderarem os ganhos na ordem dos 3%. O BCP fechou sem grande alteração, depois de ter tombado 8%.

“Não vimos muito nervosismo nos mercados, mas pode obviamente materializar-se a qualquer momento. O euro esteve um pouco instável durante a conferência de imprensa [do BCE, assim como os mercados de obrigações, mas o verdadeiro teste virá de como os bancos europeus negociam nos próximos dias”, afirmou Craig Erlam, analista da Oanda.

“Vai ser um final de semana nervoso e um fim de semana potencialmente mais nervoso”, antecipa Erlam.

Nas principais praças europeias, as subidas foram mais expressivas do que em Lisboa. O Stoxx 600, com as 600 principais companhias da região, avançou 1,3%, enquanto as praças de Paris, Madrid e Frankfurt subiram entre 1,7% e 2,3%.

No mercado cambial, o euro avança 0,38% para 1,0619 dólares. Também foi dia de recuperação para o franco suíço, após a maior queda desde 2015.

O barril de Brent avança 0,95% para 74,56 dólares, quando já afundava mais de 10% desde o início da semana, sucumbindo também à pressão dos mercados.

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