Universidade Nova ganha 2,7 milhões para criar bolsas para investigações que unam jornalistas e cientistas

27 fev, 06:02
Bolsa de 2,7 milhões de euros para apoiar jornalismo de investigação baseado em ciência

Uma iniciativa inédita vai financiar 75 projetos em dois anos, unindo ciência e jornalismo em toda a União Europeia

Quatro professores da Universidade NOVA de Lisboa, em parceria com o European Journalism Centre, sediado nos Países Baixos, conseguiram uma bolsa de 2,7 milhões de euros do programa Europa Criativa, da União Europeia, para apoiar projetos de jornalismo de investigação baseados em ciência. O projeto, que arranca em 2025, vai financiar durante dois anos cerca de 75 investigações jornalísticas baseadas em ciência, com prémios que variam entre 10 mil, 20 mil e 50 mil euros.

A iniciativa tem uma regra inovadora: cada equipa candidata deve juntar, pelo menos, um jornalista e um cientista. "O objetivo é criar uma série de bolsas para ampliar o jornalismo de investigação em toda a Europa", explica António Granado, professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (NOVA FCSH) e líder do projeto. "Queremos que os cientistas tragam o rigor da investigação científica para fundamentar as investigações jornalísticas". 

António Granado sublinha que os projetos podem ser compostos por vários jornalistas e vários cientistas, de diferentes áreas científicas. O professor explicou que se um jornalista estiver a fazer um projeto específico que requeira a análise de imagem em satélite, pode fazê-lo com o auxílio de especialistas desse campo. 

"É jornalismo de investigação puro: tentar descobrir algo novo, apoiado na ciência.  Se for para analisar fotografias de satélite, recorro a especialistas nessa área. Ou, se o foco for a qualidade da água num rio, trabalho com um departamento de química", defendeu. 

Para Ana Sanchez, do Instituto de Tecnologia Química e Biológica da NOVA, o projeto é uma "oportunidade extraordinária". "Juntar estas duas comunidades, que raramente trabalham em conjunto, é a grande vantagem. Para os jornalistas, traz mais segurança e fiabilidade aos resultados. Para os cientistas, mostra que o seu trabalho tem interesse público e reforça o papel da ciência na sociedade", afirmou.

Nos próximos meses, a equipa da NOVA e o European Journalism Centre vão preparar o regulamento e o formulário de candidatura, que estarão disponíveis online até junho de 2025 – data da primeira chamada a projetos. Podem candidatar-se equipas de qualquer país da União Europeia, desde que incluam jornalistas e cientistas. 

"Podem ser sete ou oito pessoas, como num processo normal de jornalismo investigativo", acrescentou António Granado. Os vencedores, além do financiamento, terão acesso a mentoria de jornalistas experientes. "Queremos dar-lhes apoio, se assim o desejarem, com pessoas que têm enorme experiência", sublinhou o líder do projeto.

O reitor da NOVA, João Sàágua, destaca o impacto da iniciativa: "Esta bolsa reforça o papel da NOVA na promoção de um jornalismo de qualidade, agora também a nível europeu, e reconhece a importância das universidades no combate à desinformação."

Com a primeira chamada a projetos marcada para antes do verão, a Journalism and Science Alliance pretende ser um forte impulso na forma como ciência e jornalismo se cruzam para contar histórias que importam.

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