Encontrada segunda caixa-negra do avião que caiu no sul da China com 132 pessoas a bordo

Agência Lusa , AG
27 mar 2022, 05:18

Aparelhos podem agora ajudar a explicar cerca de 90% do que aconteceu durante o voo

A segunda caixa-negra do Boeing 737-800 que se despenhou, esta semana, na China, sem sobreviventes entre as 132 pessoas a bordo, foi recuperada este domingo, anunciou a agência de notícias estatal chinesa.

"A segunda caixa-negra do voo da China Eastern MU5735 foi encontrada", indicou a Xinhua. A primeira caixa-negra tinha sido recuperada na quarta-feira.

O avião, que se despenhou às 14:38 (06:38 em Lisboa) na segunda-feira, na região de Guangxi, fazia a ligação entre as cidades chinesas de Kunming (sudoeste) e Cantão (sul).

As caixas-negras, que registam todos os dados de um voo, incluindo os diálogos na cabine de comando, contêm informações cruciais e linhas de investigação, que chegam a poder explicar cerca de 90% de um acidente aéreo.

Estes gravadores, introduzidos na aviação nos anos de 1960, encontram-se no interior de caixas metálicas reforçadas, concebidas para resistir a choques extremamente violentos, fogo intenso e longa imersão em águas profundas.

Cada uma das caixas pesa entre sete e dez quilogramas e, ao contrário do que o nome indica, são de cor laranja com bandas brancas refletoras, para que sejam mais visíveis. Os dados são protegidos por uma cinta blindada, que resiste imersa a profundidades de até seis mil metros ou exposta a temperaturas elevadas, uma hora a 1.100º Celsius.

O nome de caixa-negra ficou a dever-se à película fotográfica protegida por uma cinta negra, usada nos primeiros gravadores de voo.

De acordo com as normas em vigor, um avião comercial possui duas caixas-negras, uma FDR (gravador de dados) e uma CVR (gravador de voz da cabina de comando).

O gravador FDR regista, a cada segundo, todos os parâmetros técnicos ao longo de 25 horas de voo, como velocidade, altitude e trajetória, entre outros.

O CVR guarda os diálogos trocados na cabina de comando, mas também os sons e anúncios ouvidos no local. Uma análise aprofundada permite conhecer o regime dos motores.

Em caso de imersão, as caixas-negras têm um alarme que emite um sinal de ultrassom, todos os segundos, durante pelo menos 30 dias consecutivos, com um alcance de deteção médio de dois quilómetros.

No sábado, a Administração da Aviação Civil da China confirmou que todas as pessoas a bordo do voo MU5735, 123 passageiros e nove tripulantes, morreram, tendo sido já identificadas 120.

O acidente, em que o avião desceu rapidamente de uma altitude superior a oito mil metros, é considerado muito pouco comum.

Desde 2010 que a China, um dos três principais mercados de aviação civil do mundo, não registava qualquer acidente aéreo com mais de cinco mortes.

Ásia

Mais Ásia

Patrocinados